21 dezembro 2006

Atraído


Neste modo de alargar as nossas fronteiras, somos percorridos por um entusiasmo vestido de ousadia, coragem, auto-confiança. Que nasce da nossa casa, do que nos rodeia intimamente e nos faz acreditar que podemos mudar muitas coisas no mundo e nos outros.

É perceber que somos feitos de uma força eterna e veloz, que quer ser sempre nova e original. E não precisamos de nos defender, sabemos a certeza a que fomos chamados, que a História tem um final feliz. E caminhamos, corremos, viajamos, voamos para longe, para tão longe...

Até que me encontrei sozinho num outro planeta, o da minha impossibilidade. Tantas coisas feitas, parecia hoje que a maioria estava perdida. Tantos gritos de aclamação, ouve-se agora o rumor do desalento. Um deserto de areia escura e um sol escurecido por nuvens tristes. Os vestidos da força estavam gastos e sem cor.

E só me restou aproveitar o último reduto da minha força original e eterna para me pôr de joelhos e esquecer-me. E não tentar encontrar motivos, só deixar-me estar a navegar no desejo de me perder num destino incerto. Num mar sem fim que se foi abrindo pouco a pouco em ondas de confiança.

Senti-me levantado por aquela mão que um dia tocou a Terra e fez o Homem. Que finalmente me alcançou na mais pequena humanidade, quando não pude fazer mais nada, quando não pude pensar mais nada, quando não pude amar mais nada.

E agora os passos cansados retornavam no olhar de quem contempla e adora, e nas mãos de quem cura e sustenta. Como o olhar e as mãos que agora iam comigo, agora para sempre, agora até ao Céu.

2 comentários:

Anónimo disse...

António,

Um posto delicioso,que me fez rezar.

Obrigado.

Um grande beijinho

An@ disse...

temos que ter o "empurrão", por vezes, para retomar ao percurso que temos co mais força e um toque mágico ;)

 

Cidade Eterna © 2010

Blogger Templates by Splashy Templates