28 fevereiro 2007

Conversão

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Há palavras-chave na Quaresma que tenho vindo a tentar perceber o seu significado mais profundo. Nos últimos tempos tem-me chamado a atenção a palavra Conversão.

Parece sempre algo difícil e doloroso, bater no peito e reconhecer que há coisas em mim que não estão como deviam estar.

Entre a verdade exigente e o dinamismo do Amor, sou chamado a preferir uma imagem Amorosa e Verdadeira de mim mesmo.

Converter-me é confrontar-me, olhar-me ao espelho e ver uma imagem não desfigurada, mas desejosa de ser conseguida, e que, de algum modo, já é conseguida porque sonhada. E se é sonhada, também é possível. O sonho leva a não ficar parado, e é a busca desta imagem que não me faz querer ficar limitado no tempo e no espaço.

Con-verter... derramar-me num projecto meu e de Deus? Fazer uma versão autêntica de mim mesmo? Acredito que as duas coisas vão unidas. O que sou e o que quero ser... o que deixei de amar é precisamente o que sou chamado a fazer, de coração mais presente que nunca.

27 fevereiro 2007

És feliz quanto?

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Já vi muitos olhares de criança a perguntar-me isto...

26 fevereiro 2007

Missões

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Quando pensamos numa missão da nossa vida, é automático haver um alargar de horizontes. Normalmente não é uma escolha do que fazer da Vida, mas tem sempre a ver com escolhas dentro de algo grande em nós. Por isso, quando se diz que temos uma missão em relação a alguém ou a alguma coisa, isso é sempre algo muito sério.

Conheço pessoas que têm missões, eu tenho missões em relação a pessoas. Conheço pessoas que se entregam a coisas muito importantes na sua vida, eu também me entrego às coisas que considero mais importantes. E isso é sempre algo muito sério.

Acredito que não há missões diferentes na minha Vida. Uma mesma opção fundamental abre caminhos para a concretizar. Procuro ver os caminhos, que também são pessoas, que tornam palpável o sonho. Não me multiplico em várias coisas importantes. Sei que uma é a única... e depois, amo-a com cores diferentes.

23 fevereiro 2007

Não!

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Não quero continuar a tentar marcar ritmos demasiados apressados. Não quero esperar que seja capaz de tudo sozinho. Não quero confiar nem sequer naquilo que tenho a certeza que vou ter.

Quero ser capaz de um deserto, de uma viagem no mar sem bússola, de viver do vento e do som das asas de um bando de pássaros.

Quero ser um caminho, um carro de grande velocidade, um balão... Quero ver tudo passar através de mim num segundo, em que seja capaz de me ver ao mesmo tempo tão só e tão completo.

Quero um momento, quero uma eternidade, quero um segundo parado, rasgado no tempo, ...quero...

Quero ser eu, como Deus quer que seja...

22 fevereiro 2007

Viagem da cor

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Onde se perde e onde se encontra a cor? A cor dos olhos é profunda, a do céu é grande. Gosto de cachecóis coloridos, parece que aquecem mais.

As cores de uma igreja à luz das velas são laranjas claros e escuros. Hoje vi um carro azul claro, era bonito.

Nunca contei os verdes da paisagem de uma montanha, talvez não seja possível reparar em todos... e mudam com as horas e os meses.

Passam as cores, mantém-se aquelas que são as mais vivas. Não gosto de sonhos a preto e branco. Gosto mais de os ter coloridos, mesmo que sejam árvores vermelhas e relva azul, com um urso polar amarelo, no centro. No fim de contas, a Vida é mesmo genial se a quisermos ver com a criatividade de Quem um dia pôs as cores no mundo.

21 fevereiro 2007

Quaresma

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Haverá espaço na fé para a tristeza? Contudo, pensamos muitas vezes no roxo quando se faz quaresma.

Um tempo de preparação para conseguir um objectivo, exige algo de nós próprios. As metas requerem esforços, às vezes dificuldades que gostaríamos de não ter de passar por elas. Mas isso está muito longe de significar estar triste.

Um trabalho para conseguir algo bonito vale muito mais pelo que se consegue, do que pelo que se faz para o conseguir. Mas o que é bonito na preparação não é apenas o objectivo final, mas a riqueza da superação de nós mesmos, na capacidade de nos maravilharmos com o que já fizemos nos pequenos momentos.

A Quaresma faz sentido em si mesma, só pelo desejo de estar preparados. Preparados para contemplar a Vida Ressuscitada que já está em nós. É tão importante ter, por isso, um coração aberto e transformado, perdoado e conseguido, para poder receber de modo mais pleno aquilo que somos desde a nossa primeira origem e última meta.

20 fevereiro 2007

Cumplicidades

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Hoje estava a correr ao fim da tarde, sozinho pela cidade. E aconteceu algo que me fez pensar. Pequenos pormenores que se cruzam na existência e iluminam aspectos da Vida que não se pensam muitas vezes.

Passaram por mim, em alturas diferentes, duas pessoas também a correr. E cumprimentavam-me, levantando a mão, quando se cruzavam comigo, sorrindo. Talvez seja um código de conduta dos corredores romanos. Seja como for, é bonito...

Passamos por centenas de pessoas todos os dias, pela rua, em circunstâncias normais. É tão fácil não comunicar com tantas pessoas à volta... Mas por estar a fazer uma coisa que não é tão normal, aparecem os cúmplices .

Talvez fosse também a expressão de saudar por saudar, a quem faz o mesmo que nós. Uma libertação do olhar distraído e solitário pelas ruas, como quem quer comunicar algo de bom.

19 fevereiro 2007

Início

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Recomeçaram hoje as aulas. Voltar de novo à sala de aula, ouvir as lições, preparar-me para mais alguns meses de aprender e reflectir.

Voltar a lugares já conhecidos para coisas novas. Isto para mim tem sempre algo de desafiador. Por um lado a alegria de poder avançar no caminho das coisas que já se fazem, por outro, resistir à tentação da monotonia e deixar passar com ligeireza estas oportunidades, que quem é estudante sabe bem o que isto significa! =)

Li há dias esta frase na carta aos Hebreus: " A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e uma demonstração das que não se vêem". É a experiência de esperar ver o que não se vê totalmente. Por outro lado, é firme fundamento... pergunto-me como pode haver firmeza no que se espera? Talvez tenha que vir ligada à certeza de que irei ver coisas muito grandes. A começar desde já, desde o que acontece agora, desde o meu lugar, mesmo que seja na mesma cadeira da mesma sala.

18 fevereiro 2007

As Horas

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Passam os minutos no relógio, um depois do outro. Não conseguia chegar a conclusão nenhuma, e a urgência que tudo ficasse pronto para já, impedia até que pudesse pensar com calma.

Não valia a pena esperar que viesse um momento de luz que esclarecesse de repente todas as coisas. Até porque ia percebendo, entre várias frustrações, que as coisas estavam mais que nunca fora das suas capacidades. E a força que o mantinha vivo e agarrado à esperança, parecia que ia diminuindo, pouco a pouco.

Se fosse um jogo de xadrez, alguém teria a capacidade de o colocar a salvo das investidas do adversário. Contudo, nunca ninguém quis ser uma marioneta. Entre a liberdade criativa e a confiança de ser conduzido, fica um limite difícil de suportar.

E as peças foram-se juntando e fazendo uma casa. Sem esperar, tinha um lugar onde estar. E toda a criatividade para o pôr bonito, e de o pintar com as cores mais sorridentes.

Entre a liberdade criativa e a confiança de ser conduzido há um mundo aberto a todas as possibilidades. Por muitas peregrinações que tenha feito, raramente pensei nas mãos e no suor que fizeram os caminhos... já lá estavam, antes do Sonho e do Objectivo.

17 fevereiro 2007

Onde estás?

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Ser capaz de encontrar o meu lugar próprio. O que é capaz de beber a partir das suas origens, capaz de ser criativo na força maior das possibilidades.

Todas as encruzilhadas da Vida nos põem diante dos dilemas mais ou menos existenciais que nos pedem respostas mais ou menos urgentes. E vamo-nos dispersando em acorrer a tudo o que nos é solicitado. Porque temos que cumprir a nossa missão com os pés bem assentes na terra.

Mas ter os pés na terra não significa confundir a alma com o ar que respiramos. Se podemos ser diferentes e sinal de qualquer coisa de grande, devemos dar o testemunho de querermos ter, e sabermos ter, o nosso lugar mais certo.

De todas as dúvidas, a que mais incomoda é a de saber onde estou verdadeiramente... Não é fácil descobrir o terreno que pisam os meus pés, é maravilhoso de mais para me dar conta de que pode não ser suficiente. Em todos os lugares por onde passo, fazer um Mesmo Caminho que apenas converge para algo de Único.

Onde estou?

14 fevereiro 2007

Impossível

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Tão impossível como este modo de Amar. Tão impossível como acreditar com todo o coração e com todas as forças neste destino.

Saber-se amado até ao mais radicalmente profundo é tão absurdo quanto um gesto que abarque todas as coisas. É ao mesmo tempo tão gigantesco e íntimo, como só o eterno é capaz de fazer nos abraços da matéria.

É impossível não acreditar com a Vida, só pelo facto que abrimos os nossos olhos e temos sempre oportunidades em todos os nossos caminhos. Mudamos tanto, a nós e ao que está à nossa volta, se conseguirmos tentar alcançar esta impossibilidade, a mais agarrada a tudo o que somos.

PS: Amanhã parto para dois dias de espaço só meu... sabendo que vai ser mesmo o que Deus quiser, sabendo que eu quero que seja Deus. Rezo por vocês ;)

13 fevereiro 2007

Na Verdade

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Continuo a não me querer esconder. Sabendo o quanto se vive em plenitude sem olhares distorcidos e sem palavras enganadas.

Prefiro olhar como a luz e falar a cantar. Tornar o que sou quadros de cores vivas e poemas de imagens absolutas. Como a música que se ouve ao fundo, e convida a estar sentado sem fazer mais nada.

Prefiro não ficar parado em momentos de consolação, e correr agradecido para todas as oportunidades de a perder de novo, sem medo do que virá.... Porque prefiro continuar a não me esconder.

E ser visto como sou, luz de cores, e ser escutado como a música dos pássaros, e ser acariciado como o trigo, em dias de vento. Levado consolado ao futuro que Deus já me preparou. A esse futuro, a minha verdade não se pode esconder.

11 fevereiro 2007

Regresso

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Naqueles dias de certezas. Em que se passa pela porta de casa e se entra num quarto composto para o que sempre lá estava escondido. Iluminado pela luz quente de ter encontrado o que há tanto tempo se esperava.

Sentado na calma de um tempo que passa devagar, sem doer...

Num voo certo perante as dúvidas do que me foi afastando de Ti, ser mais conduzido que perdido. Pousar finalmente no abandono de quem chegou à Terra e vem para ser salvo. Com poucas palavras para exprimir o que significa isto de ser de Outra Pessoa, e como a raiva de ser sozinho só escurece a luz que tantas vezes não deixo que me ilumine.

E só esta luz me pertence, me entrega, me faz Santo.

10 fevereiro 2007

Hoje vou para o meu mundo

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Há momentos em que temos a certeza de que somos chamados às nossas paisagens mais próprias. E caminhamos para lá.

NB: Título e Fotografia de Marta Ferreira

09 fevereiro 2007

Por fim

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Não há nada mais cativante que um coração cheio. Conhecer pessoas com um coração completamente entregue, que não são capazes de ser donas de si mesmas.

É um Mistério do encontro entre o Vazio de Si e o Cheio para os Outros e para Deus. E como um Vazio preenchido de tudo o que não é o Próprio é que traz a alegria mais realizada. Vê-se nos olhos...

Os limites das preocupações legítimas são o que tira espaço àquilo que é o mais essencial num coração que quer só ser entregue. E o que me faz pensar é que todos, mesmo aqueles que têm o coração vazio de Si e cheio de Deus, têm preocupações.

Num coração cheio de Deus não se regateiam espaços, porque é fonte de paz e luz para todos, inclusive e, se calhar, sobretudo, para o próprio. O segredo é uma natural capacidade de fazer nascer do que se é, não de tirar o melhor que se tem.

07 fevereiro 2007

Força da Vida

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Haverá instrumentos para poder viver bem com os cansaços e desânimos? Temos todos dias mais cinzentos, a nossa condição de sermos por vezes pequeninos leva-nos a ficar parados perante encruzilhadas que nos questionam de como podemos seguir sempre o caminho certo.

Viver a história das consolações é muito próprio de quem é atento aos movimentos do Espírito. Isso requer tempos de escuta, cada dia, várias vezes ao dia. E isso é também exigente, porque nos faz ficar diante da pergunta do que é realmente Essencial na Vida.

Na homilia de hoje da Missa, o padre que celebrou, citando Aristóteles, disse que "somos responsáveis pela qualidade das nossas escolhas". O desânimo, acredito cada vez mais que nasce da falta de cuidado com o que temos de mais precioso.

Para quem tem o dom de viver para encontrar algo Absoluto, as pequenas escolhas tornam-se motivos de superação. E vive-se numa por vezes incapaz tentativa de gritar com a força da Vida. Se uma pequena escolha fosse a Escuta, a Vida estaria muito mais presente.

05 fevereiro 2007

No tempo

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Sempre sonhamos com o regresso às coisas mais originais. No meio das confusões do dia-a-dia, por vezes encontramo-nos com saudades dos sons e das cores que não nos traziam mal entendidos. Por tudo ser simples, cada momento tinha um lugar único no tempo.

Talvez seja a busca de um paraíso perdido que ficou num tempo perdido-não-sei-quando-lá-atrás. E esse espaço continua a ecoar de memórias. A nostalgia do passado faz-nos abraçar qualquer coisa que deixou de existir, que toma parte irresistível naquilo que hoje somos. A ponto de não nos deixar falar de outras coisas.

Entre a memória e o esquecimento, entre o agradecimento e a esperança, às vezes custa tomar uma opção que seja verdadeiramente existencial no presente que hoje somos.

São importantes as memórias. Mas também nos atam os braços e fazem perder palavras que contruam algo de radicalmente novo. Basear na promessa do presente a criação de uma nova paisagem, capaz de ser visitada hoje e para sempre, de um modo criativo. Único no tempo,como as coisas simples.

03 fevereiro 2007

Planos e Promessas

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(A propósito do Referendo)

Não há nada mais importante que a Vida. Pela nossa Vida fazemos tudo o que está ao nosso alcance para a realizarmos segundo os nossos sonhos. O desejo de viver completamente encontra-se às vezes confrontado com dificuldades que podem levar ao desânimo.

Não há nada tão desmotivante na Vida como cruzar os braços e desistir. Se calhar todos passámos por esses momentos, e tantas vezes outras Vidas que vemos tão difíceis nos fazem pensar como é possível continuar.

Todo o início de Vida é uma promessa. A nossa própria Vida leva-nos a querer caminhar para algo desconhecido, mas é talvez este mesmo Mistério que nos faz querer continuar. E este mesmo Mistério de Vida plena encontra-se nos outros que caminham connosco.

Tantas vezes é possível chegar a absurdos que em nome de uma Vida mais "fácil" acabam por destruir o Mistério, que é promessa, apesar de nascer às vezes em situações de dor e incompreensão.

O gesto de acolher e colaborar com um Mistério que se pode perder, tem de ser mais forte que uma solução aparente e contraditória.

Se sou capaz de agradecer a minha própria Vida, com olhos maravilhados e coração doído, não posso nunca deixar de querer ser responsável pelas novas Promessas, de novos Mistérios.

O desejo da Vida, minha e dos outros, leva-me a dizer NÃO àquilo que a destrói.

02 fevereiro 2007

Recompensa

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A sensação de dever cumprido é muito confortável. Talvez o nosso desejo de que tudo corra sempre bem é um motor para a nossa acção.

Pode haver muitas motivações para o que fazemos. A fidelidade ao que nos comprometemos, o desejo de fazer boa figura naquilo que nos empenhamos. Pode ser ainda o querer ficar na admiração dos que ficam à nossa volta. Finalmente, o desejo de ficar bem connosco mesmos.

A acção leva-nos a querer completar algo. Para isso servem os objectivos. No mais fundo de nós, fazer qualquer coisa bem, faz-nos também como pessoas capazes.

Entre o fazer muitas coisas bem, gastamos tempo e energias. Procuro não dispersar a vontade de Viver apenas nos gestos. Gosto de experimentar algo Absoluto nas minhas pequenas metas.

PS: Isto que sinto, passa-se em muito do que vivo dia-a-dia. Mas por ter feito hoje um exame, que correu bem, alimenta esta ideia. =)
 

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