26 dezembro 2007

Uma nova melodia

6comentários

Chegar ao fim do ano com a festa do Natal é começar sempre algo novo, uma companhia que nos transforma, pouco a pouco, em horizontes maiores.

Os propósitos de novo ano não são ideais de querer mudar tudo de uma vez. Há um saborear cada semente depositada nos vasos dos nossos desejos. Para que cresça em novos sons.

Muitas coisas são sempre as mesmas, nada de novo debaixo do sol, mas existe esta suave melodia que faz crescer cada uma das nossas notas. Que o Ano Novo seja um caminho de descoberta e alimento de coisas essenciais, marcado por um desejo de céu já concretizado e sempre mais colorido.

Vou estar fora até depois do Ano Novo, continuação de Bom Natal, a crescer com a força do recomeço!

25 dezembro 2007

O céu e(´) o coração

3comentários

Ontem fui à Missa do Galo a S. Pedro, onde celebrou o Papa. É sempre uma experiência bonita, de um Natal diferente, muito solene, mas que tem um lado de universalidade muito grande e que me faz sentir em comunhão com tantos cristãos que celebram o Natal de Jesus.

Na sua homilia, ele disse uma frase que me tocou muito e ficará para os próximos tempos: "O céu não pertence à geografia do espaço, mas à geografia do coração". Pensar o céu não é ir além dos nossos próprios limites, superiores às montanhas dos nossos desejos ou dos nossos cansaços. O céu é a presença de Deus no coração de quem se sente e sabe habitado por Ele.

E este coração vive na humildade, a mesma que Deus vive quando é pequenino e nasce numa gruta. Há sempre um caminho a fazer para o mais alto de nós, que nasce do mais fundo. Se a nossa fragilidade é a nossa Terra, o nosso desejo de Deus e sermos com e como Ele, é o nosso céu.

Feliz Natal a todos os meus amigos, família e os que me acompanham por aqui! =)

24 dezembro 2007

Feliz Natal! =)

4comentários

Temos um corpo. Somos imagem de eternidade. Divinahumanidade. Tudo por nos ter sido dada uma promessa realizada.

Se houver um sol que nos consola, depois de um dia de viagem fatigante, uma montanha dourada entre nuvens. Onde adormeço e me deixo ficar na quietude.

Onde encontrar uma árvore com raízes que cheguem ao outro lado do Mundo. Onde perceba no vento as vozes que me construíram nos desejos. Onde me molhe com a chuva dos meus erros e perceba que o deserto se transforma em jardim.

Não há caminho tão pleno como a aceitação do que somos. E a nossa imagem é uma carne desenhada por uma Palavra que é o dom perfeito. Para mim e para o que vier de hoje em diante. Deus fica entre nós para sempre e os nossos olhos viram-nO, as nossas mãos O tocaram. Ficámos d'Ele.

23 dezembro 2007

O que acontecerá?

0comentários

A celebração de momentos como o Natal é sempre uma oportunidade óptima para nos perguntarmos o que podemos fazer de novo na nossa Vida. É importante, durante estes dias, poder ter um tempo de paragem, entre as compras, fazer doces, preparar a casa, para acolher o acontecimento que dá sentido a tudo isso.

Ontem tive a oportunidade de ir a Assis, num dia frio e muito tranquilo, para rezar e perceber que Deus chega sempre à nossa casa e é o único que ilumina as nossas festas. Não foi por acaso que um homem como S. Francisco percebeu na simplicidade e pobreza da sua vocação, o que significa o nascimento de Jesus em Belém. Por isso, foi ele o inventor do presépio!

O Natal põe-nos em contacto com algo tão simples e pequeno que até parece insuficiente e, por fora, tendemos a fazer mais que por dentro. As decorações e as músicas devem ser a expressão de um grande milagre nas nossas Vidas, e continuarmos em tudo os gestos mais simples que Deus Menino nos inspira.

21 dezembro 2007

Vida de origens

2comentários

Há alturas em que sinto mesmo necessidade de ir ao campo, depois de muito tempo no meio da cidade. Por ser esta a minha origem, uma terra de cultivo e rebanhos.

Há um simplicidade que começa com o nascer do sol, onde não se ouvem os carros, mas uma vida calma, com rituais precisos. É fácil encontrar as mesmas caras à mesma hora e tudo corre com um tempo que tem tudo de completo. Vivo tanto de mim em memórias destas...

Este Advento pode ser uma descoberta de um tempo simples, levado por dentro, em contacto com a terra que pisamos. Além disso, é na vida de pequenos pastores que surge a notícia de que o Céu está entre nós. Talvez não fosse, por isso, uma surpresa demasiado grande. Havia espaço e tempo para acolher qualquer coisa incompreensível, mas que leva o selo da eternidade.

20 dezembro 2007

Andamos assim...

2comentários

É tão bom viver com gestos simples. Não é suficiente ficar pelas ideias, as coisas sonhadas como grandes projectos são motor e são ilusão.

É preciso termos cada vez mais noção de que aquilo que é importante e decisivo toca-nos a alma e a pele. Uma ideia não muda o nosso mundo, mas sim o que fazemos com ela.

E andamos assim, na velocidade de ideias perseguidas. Mas é um correr cansado, não faz sentido não sentir os pés molhados na areia do mar, nem a dureza da pedra onde nos sentamos quando acabámos por subir um monte impossível.

Há uma ideia de Deus para o Homem. E como genial e divina criatividade, podemos tocá-lo e vê-lo, ficou entre nós para sempre. Se fôssemos menos alma e mais corpo quando temos ideias bonitas... e são os gestos simples que mostram o quanto gigante é uma alma.

19 dezembro 2007

O nascimento das coisas secretas

4comentários

Há uma vitória definitiva sobre a nossa espera. Tudo o que de maior podemos imaginar torna-se acessível e pertence ao nosso regaço.

Vivemos entre o concreto e aquilo que acreditamos um dia vir a ser nosso. Por isso nos esforçamos, e a Vida faz-se de uma motivação multiplicada em abraços dados ao vento, ou cheiros de rosas de um país longínquo.

A espera de algo Absoluto não nos pode fazer esquecer que nasceu o imenso poder de sermos Filhos de Deus. Em alguém tão pequeno que, numa noite fria, coube numa manjedoura, numa gruta de uma país que ninguém conhecia.

É este o sinal de um Amor infinito. Ser dado no segredo. Se soubéssemos quanto da nossa Esperança está num choro de criança...


Get this widget Track details eSnips Social DNA

18 dezembro 2007

O meu espaço

2comentários

Ontem perdi muito tempo a arranjar um espaço de oração no meu quarto. E ainda não acabei mas, pouco a pouco, vai ficando completo. Estou a gostar do que vai sendo construído.

Há um santuário dentro de cada um de nós, o espaço inacessível a todos, mesmo os amigos mais íntimos. Ao qual só Deus tem acesso. Mas isso acontece quando deixamos abrir a porta e surgir uma palavra completa que signifique esperança, paz... e às vezes verdade que faz mover montanhas e muralhas dentro de nós.

Um espaço de oração devia ser obrigatório na casa de cada pessoa que reza. É um tornar visível a disposição que temos para encontrar Deus. Os olhos, o tacto, os ouvidos precisam de saber que estamos dispostos a viajar algum tempo até a um desconhecido infinito. E a conseguir acreditar que é possível mudar cansaços e rotinas em ondas do mar.

16 dezembro 2007

Só eu sei

1 comentários

As crianças ensinam tanto. Gosto mesmo de as ver brincar às escondidas, em dias de sol. Lembro-me de, há uns meses atrás, o palco do esconde-esconde ser o largo de uma igreja, cheio de gente. E lá estavam eles, a correr por detrás de muros e troncos de árvores, em fila. O primeiro espreitava e os outros esperavam. Depois, assustava-se e gritava, e todos gritavam e corriam num salve-se quem puder, para chegar ao lugar marcado.

Eles eram os escondidos-vistos-por-toda-a-gente. =) E tantas vezes somos assim.

Porque vivemos neste risco ténue entre o mostrar e o esconder. Queremos ver o que está à nossa espera, detestamos ser surpreendidos. E quando somos apanhados gritamos e fugimos. Mas seria tão bom que as surpresas, boas e más, fossem mais parecidas com este correr a gritar. Porque não é medo, é companhia veloz debaixo do sol e nas pedras do chão. O ser apanhado desprevenido não é o fim do jogo, dá vontade de jogar outra vez, desta vez mais atento.

15 dezembro 2007

3...2...1... =)

2comentários

Vivo nesta fronteira entre a alegria e o medo do que me é confiado, ao viver os momentos em que percebo claramente que tudo me é posto nas mãos e ao mesmo tempo me lanço no infinito.

Lembro-me que sempre disse que nascemos para ser grandes. E descubro na minha pequenez uma força inacreditável de amar com todo o sentido. E sinto-me feliz, muito feliz.

Hoje, num passeio, vi uma frase de Goethe a propósito de um aqueduto romano que ligava duas montanhas e duas torres, e estava de tal modo metido no vale e nos declives que parecia que sempre esteve lá!

"E agora percebo com quanta razão sempre achei detestáveis as construções feitas por capricho... tudo coisas nascidas mortas, pois aquilo que verdadeiramente não tem em si uma razão de existir, não tem vida, e não pode ser grande nem vir a ser grande".

E o nosso coração é a fonte mais preciosa de Vida... não temos alternativa à nossa grandeza.

14 dezembro 2007

Até ao fim

1 comentários

O que é a sabedoria?

Podia ser uma biblioteca cheia de livros, onde acaba por se acumular o pó quando estou fora de casa e não deixo a janela aberta para proteger os meus tesouros literários... sabemos tanto de tantas coisas...

Podia ser uma viagem onde cada passo soubesse de cor a paisagem, onde nada fosse novo, as coisas de sempre, já conseguidas, controladas, feitas minhas.

Podia ser ter respostas imediatas, estar sentado numa cadeira, no alto de uma coluna, onde dominasse o universo das perplexidades do mundo.

A sabedoria está num gosto de laranja, num café da praça, no silêncio da catedral. Ou quando um mundo amado me pergunta até onde quero chegar. A sabedoria está nas dúvidas mais radicais, nas surpresas vividas, na capacidade de me encontrar em tudo o que estou.

Talvez porque temos certezas trazidas por corações que viajam desde sempre e nos fazem sentir pequenos e frágeis. E caminho com toda a sabedoria misturada em papéis coloridos com surpresas coladas. Atravesso túneis com a minha música, cheia de sabores.

13 dezembro 2007

Consolação

1 comentários

Estive estes dias a ler a nova Encíclica do Papa (Spes Salvi), que aconselho, pela profundidade que tem, apesar de algumas passagens um pouco mais difíceis, mas que no geral é bastante acessível.

E li uma coisa que me chamou imenso a atenção e nunca me tinha dado conta, ou nunca me tinha sido dito. Que consolação - o estado de espírito tocado pela graça do futuro que Deus quer para nós - vem do latim con-solatio. Ou seja, estar-com na solidão. E precisamente esse momento deixa de ser solidão.

É o grande medo de todos nós, sentirmo-nos sozinhos, ou afectivamente, ou nas várias situações da Vida em que gostaríamos de ter o suporte de alguém ao nosso lado. Mas há momentos na Vida em que a solidão é a nossa mais pura verdade, é o espaço onde percebemos a radicalidade da nossa fragilidade. E a consolação surge como uma luz intensa que não nos afasta simplesmente de situações menos confortáveis, mas toma conta de nós quando tomamos decisões que apenas nós podemos tomar.

E as consequências de uma decisão solitária, mas consolada, são caminhos de plenitude, os abraços possíveis que temos para dar e para receber.

12 dezembro 2007

Debaixo do céu

0comentários

Hoje não estava para escrever nada. Passeando agora pelo terraço da casa, numa noite mesmo fria de céu estrelado, fiz uma experiência de silêncio acompanhado que me fez cair na conta de como se vive imensamente.

É bom estar bem, em que os dias passam como palavras de um poema, às quais falta dar alguma força de Vida. E nos gestos aparecem consequências de entregas inexplicáveis, vividas por dentro.

Cada dia passa por mim uma multidão de sensações e estados de espírito dos que estão à minha volta. E maravilho-me com a diversidade de pessoas cansadas, ou felizes, ou com ideias novas, ou com sentidos encontrados.

Recebi hoje uma boa notícia de alguém que chegou a uma etapa completa, por causa de ser ela própria. E senti uma alegria como se fosse minha, um espaço que ganhou cor e certeza de caminho percorrido. Há sempre tanto para agradecer! =)

11 dezembro 2007

Amor e medo

3comentários

Cada vez me convenço mais da utilidade de trazer sempre comigo um caderno no bolso, onde posso tomar nota de coisas que ouço ou vejo no dia e que trazem uma espécie de luz. Acho difícil que, em cada dia, não aconteça uma mão cheia desses momentos.

E ouvi hoje: "Quem tem amor, não tem medo".

Quando tenho medo de alguma coisa, será que é porque não tenho amor? O medo significa mudanças não desejadas na nossa Vida. Mas às vezes são inevitáveis, e sofre-se com isso. O Amor pode ser então a capacidade de transformar o que não desejo, amar dores e desilusões não é fácil. Mas é um caminho possível...

Quem ama, fica mais simples, e sabe que as coisas são passageiras. Quem ama sabe esperar e ser verdadeiro com os acontecimentos da alma e do corpo. Amar é não ficar agarrado às coisas que passam, é tomá-las como certeza de caminho percorrido e coragem de continuar.

10 dezembro 2007

Amigo

3comentários

A experiência da amizade é das mais construtoras que temos na Vida. O outro, que é próximo, funciona como um espelho, no qual reflectimos a nossa história.

É precioso poder partilhar com alguém os acontecimentos da Vida, os desejos, as alegrias, as preocupações e os momentos menos bons. O que é mais bonito numa relação de amizade é a verdade e a liberdade.

Por experiência própria, tenho as minhas melhores amizades como as mais livres. Talvez porque se desenha um espaço comum entre duas vidas onde acontecem as mesmas coisas. Porque não se precisa medir palavras e se vive um acontecimento único onde virtudes e defeitos são amados e transformados. Porque o tempo decide o que fazemos na vida uns dos outros e há coisas que têm a marca da eternidade.

07 dezembro 2007

Imagina que tudo será perfeito

1 comentários



Para todos por quem rezo*


PS: Título e foto de Sónia Cristina Carvalho

06 dezembro 2007

Gigantes

0comentários

Hoje fazia algumas reflexões sobre problemas mais gerais do mundo e senti-me muito pequeno. Pensava o que se pode fazer, a nível pessoal, ou de Igreja, ou mesmo de instituições, para mudar as injustiças no mundo.

É difícil viver entre o possível que está ao meu alcance e a consciência que o que se fará de bem para mudar o mal, é uma gota no Oceano das possibilidades. Os teólogos poderiam dizer que há uma esperança na vitória do Amor sobre todas as coisas e que isso move a Caridade. Também acredito nisso, mas não é fácil quando me dou conta que a fé não tira a fome nem dá casa a quem teve de a deixar, ou nunca a teve.

São problemas que às vezes os sinto como esmagadores. Fazer o que se puder já é muito, desde que não seja um exercício de voluntariado só para acalmar a consciência. Apesar de já ser algo.
Vivemos num mundo confuso, que tem tanto de luz arrebatadora como de escuridão desarmante.

Se fôssemos mais capazes de tocar os corações de quem pode ajudar... aproximar-se de quem sofre é essencial, mas precisamos de muitos mais sorrisos e abraços.

05 dezembro 2007

Sem medos?

1 comentários

De onde vêm os meus medos? Creio não errar muito se disser: de coisas que nos assustam; das nossas inseguranças. E tenho-me dado conta de algumas coisas:

Que tenho medo daquilo que está fora de mim, ou uma pessoa, um momento, uma circunstância. Normalmente algo que virá a acontecer num futuro mais ou menos próximo.
E tenho medo das coisas que sei que me vão abalar, porque vão mexer em lugares meus poucos seguros: críticas, desprezo, falta de paz, ficar sozinho...

Acredito que em nós não temos fontes de medos. Temos é espaços abertos ou feridas que podem ser tocadas por uma coisa que nos afecta. É quando nos expomos ao que está fora, que os nossos vazios se podem ressentir, ou, pelo contrário, encher-se completamente.

Há um espaço dentro de nós que é semelhante à comunicação de um abraço. De mim para mim mesmo, do que sou sem saber e do que conheço de mim mesmo. Amo o que conheço, maravilho-me com o que vou conhecendo de mim. Neste abraço que me revela quem sou e me dá esta raiz que agarra os meus vazios e não os deixa sem fundo.

03 dezembro 2007

Gestos simples

1 comentários

Há sempre algo a fazer no caminho de nos encontrarmos a nós mesmos. É uma consequência do deixar-se levar na confiança; naturalmente as coisas desprendem-se de nós e vão ficando arrumadas no coração como momentos de Vida plena, ou como partes de nós deixadas pelo vento da saudade e de memórias felizes.

Não serve para nada guardar mágoas antigas... o que aconteceu teve a sua necessidade e o seu caminho, e o coração tem tempo para as agradecer e sorrir com elas.

O que daria eu para poder dizer que está perto de nós o poder de abraçar o próprio coração e ficar maravilhados por sermos assim, mais sós que nunca, mas rodeados da nossa mais intensa Verdade.

Quem ama nunca está só, porque percebe a Palavra que cria todas as relações e confunde as nossas classificações e os nossos egoísmos. Sou como sou, deixado cair à terra na maior liberdade e esperando o dia em que abrir os olhos quando a chuva me molhar a cara.

02 dezembro 2007

Advento

0comentários


Se houvessem mensagens mais claras para ter a certeza do que vem, então a espera perderia muita da sua capacidade de nos transformar. Imaginemos que estamos à espera de alguém que nos vem trazer uma surpresa. Uma coisa é não saber o que é, outra é já nos ter sido dito.

Há uma espera que é original, uma luz nova aos nossos dias. Há outra espera que é um momento em que se passa a ter nas mãos aquilo que já se sabe.

Deus tanto tanto de original como de pessoa que não sabe fazer surpresas e acaba sempre por contar! Se sabemos que Deus vem às nossas Vidas, esperamos aquilo que já conhecemos. Mas é uma parte de Deus feita nossa, não é a imensidão do que Ele nos tem preparado.

O Advento é viver entre o que conhecemos e aquilo que esperamos. Para o conhecimento, temos a certeza do Amor, para a esperança temos a abertura a este inacreditável modo de ser amado, sempre de novo.

01 dezembro 2007

As minhas mãos

0comentários

Não resisti a escrever hoje mais uma vez. Estive a trabalhar até agora numa coisa nova que decidi fazer, arranjar tábuas para fazer uns ícones para o meu espaço de oração pessoal.

Não fiquei tanto impressionado com esta ideia - bem gira, por sinal =) - mas pelo trabalho que fiz. Desde o escolher a madeira, cortá-la com a medida certa, lixá-la muito bem e depois envernizar. E fico com as mãos magoadas com a lixa e sujas da tinta...

E ao ver o trabalho terminado, custa acreditar o que era um pedaço de madeira e que agora está preparado para rezar com ele. Como as nossas mãos trabalham com amor os dons que temos à nossa frente! E fiz uma experiência bonita de ir trabalhando em oração e ir vendo como, do trabalho das mãos e da imaginação sai aquilo que desejava.

É preciso meter o coração nas coisas simples que fazemos, rezar com os nossos gestos, maravilharmo-nos com as nossas obras. Viver um presente que construímos a cada instante, deixando para trás tábuas arrumadas em salas cheias de pó e colocando na parede os futuros cheios de Luz.

Ps: Foto de Teresa Lamas Serra. E acho que é a minha mão! =) Se não for, diz, Te*

Sobre ser frágil

1 comentários

Ontem, um comentário a um dos meus últimos posts fez-me pensar mais seriamente numa questão que tenho sempre presente mas que nunca falei explicitamente.

O tom do que escrevo parte de um optimismo radical perante a Vida, os projectos de Deus para cada um e a bondade essencial do ser humano. Às vezes fico com a impressão que mostro um optimismo talvez ingénuo, ou de quem não partilha o sofrimento de milhões de pessoas que não têm o mínimo para sobreviver ou que são vítimas das maiores injustiças morais e sociais que se possam imaginar. Dói-me cada vez que assisto a estas coisas sem poder fazer nada de notável, apenas o possível ou gestos que parecem uma gota de água no oceano.

Mas o que me fez pensar é esta sensação de julgar, por vezes, que estamos inevitavelmente condenados a não ser plenamente felizes, ou a não conseguir ser coerentes com aquilo que achamos ser bem. Ou por culpa nossa e das asneiras que fazemos, ou por causa das circunstâncias que inevitavelmente nos tiram a paz.

Apesar de sentir e me questionar com estas coisas, acredito firmemente numa capacidade nossa que nasce de um dom. Como dom, encerra algo de gratuito e que deve ser esperado e pedido. É o facto de, algum dia na Vida, ter percebido o que mais quero ser, quando penso em mim no expoente máximo da felicidade.

E não me vejo como uma pessoa sem problemas e sem desgastes... vejo-me naquilo que sou mais fundamentalmente, amado e capaz de amar. O movimento de lidar com a fragilidade é um acreditar continuado na capacidade de recuperar o amor que tenho e, por outro lado, de ser capaz de relativizar - tarefa às vezes quase impossível - aquilo que não é nunca o absoluto. A tristeza nunca será a nossa última palavra.
 

Cidade Eterna © 2010

Blogger Templates by Splashy Templates