Lembrei-me hoje de um episódio que aconteceu há uns meses atrás numa missa aqui em Roma. Foi numa paróquia conhecida pelo trabalho que faz com pobres e pessoas que vivem na rua. Não só se trabalha fora das paredes da igreja, como se trazem as pessoas para lá! Por isso, é um ambiente muito particular.
De facto, vê-se pessoas vestidas com roupas velhas e sujas, cheias de sacos, às vezes sem se darem conta do que se passa à sua volta. O que é um facto, é que têm um modo muito seu de participar.
A meio da missa ouve-se o ruído de sacos de plástico. Entra um velhinho que, sem se incomodar, nem ele nem os outros, vai ter com uma senhora e tira uma sandes e oferece-lha a rir. Ela sorri também. Falam um bocadinho e, depois de ali estar sentado um bocado, vai embora.
Algo do mais genuíno que vi. Quem precisa dá a quem mais precisa... não calcula, não mede, não cobra. Apenas sorri, como quem percebe que cumpriu a sua missão.
E saí da missa a pensar que preciso de tantas coisas e que, por isso, acho que não estou capacitado para dar mais... aprendi tanto com pessoas que pensam e sabem muito menos que eu, mas que sabem viver com tanta maior gratidão...
2 comentários:
Caro Valério!
Um abraço desde Coimbra... Desde um célebre tempo propedêutico... Leio-te bastantes vezes. Hoje decidi cumprimentar-te, porque acredito mesmo que, quando estamos com os olhos e os ouvidos do coração abertos, este Cosmos onde Deus habita connosco nos ensino muito. No milagre da simplicidade, que nós, tantas vezes, complicamos com a nossa elaboração teológica (que, sem dúvida, também vale muito a pena... Mas num equilibrio, que não é a virtude do meio, mas a oportunidade escutada no discernimento...).
Boa sorte para a tua teologia...
Luís Francisco
:) só p te deixar um beijinho. Gostei especialmente deste post!
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