05 novembro 2009

Transformação



Tenho andado há dias com uma pergunta que li. Porque será que, mesmo mantendo uma vida regular de oração, vamos percebendo que esta não nos transforma? Em muitas coisas não nos faz mais pacíficos, mais humildes ou mais tolerantes. E mais felizes.

Acredito que a questão do passar a oração para a vida não é nada linear. Talvez porque não acertamos com o mais importante e pensamos que a oração é um espaço de pensar coisas sobre Deus e sobre as nossas decisões. Parece que é importante falarmos de nós, pensarmos e rezarmos a vida. Isso também faz parte, mas falta algo.

O tempo de oração é também a possibilidade de Deus se dar exclusivamente. É um espaço aberto à confiança e a deixar que Ele faça o que entender. Não são os nossos desejos e os nossos objectivos, mas deixar que aconteçam os desejos e os objectivos de Deus. Oração é silêncio, e este é o que mais transforma, desde dentro, sem muitas palavras.


10 comentários:

José Brito,sj disse...

um óptimo convite à humildade na oração.

Clara Margaça disse...

Para mim, transforma nem que seja apenas no momento em que rezamos; a leveza que traz, o bem comigo mesma, a suavidade das palavras que se trocam; Sim, porque Ele também fala, através do silêncio, por isso é que é tão importante saber dedifrar a melodia que este nos traz.
Um beijo

Anónimo disse...

Trago muitas vezes esta questão/desafio que tem a ver com esse "silêncio": como não interferir nesse "faça o que entender"? Lembra-me a criança que se levanta a meio da noite de Natal e apanha o pai natal em flagrante :)

Escrever mensagens todos os dias é obra! Obrigado Pe. António por ajudar a manter a minha vela acesa!

Desejo e peço que Deus o encha de muitas mais graças. Àquele que tem será dado muito mais (é +/- assim que vem no Evangelho não é?).

Isabel Maria Mota disse...

Olá António
Bom dia! Que ai em Roma o sol esteja tão brincalhão como aqui, que quando aparece enche tudo de uma "gargalhada" de luz!
Os momentos de oração cá em casa são feitos também de silêncio, nas minhas orações pessoais, e feitos de pedidos e agradecimentos únicos, quando à noite rezamos em família. A intimidade dos meus filhos com Jesus é cativante... e quando agradecem a Deus-Pai ouço naqueles momentos a a voz d´Ele me mostrar a sua vontade, de me mostrar caminhos tão simples e às vezes esquecidos. Rezar cá em casa é aquele momento, no final do dia, em que conversamos todos com Deus. E, é tão bom participar dessas conversas.
Um grande beijinho, Isabel Mota

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Antonio. A prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o Ser a que nos dirigimos. Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou um louvor. Podemos orar por nós mesmos ou pelos outros, pelos vivos ou pelos mortos. O poder da prece está no pensamento, e não depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que é feita. Pode-se, pois, orar em qualquer lugar e a qualquer hora, a sós ou em conjunto. A influência do lugar ou do tempo depende das circunstâncias que possam favorecer o recolhimento. Seus efeitos? São incalculáveis. Abraços fraternos.

Leonor disse...

"oração é silêncio" ... bem verdade.
Depois de ter passado há bem pouco tempo pela experiência dos exercício espirituais, percebo agora o alcance deste post e tudo o que pode crescer do terreno silencioso da oração, o quanto nos pode ser dado por Deus nesse diálogo com ele.
Beijinhos

Lídia disse...

Acredito que a oração, um dia me possa transformar... Porém, sei que esse momento que, ansiamos mais que tudo, só vai chegar quando Lhe der preferência, primazia e O deixe ser rei do meu coração. Parece-me, no entanto, que a acção da Oração em nós manifestar-se-á quando houver total entrega nas razões pequenas e singelas do quotidiano, desde que visem a Lei/O Amor de Deus.

Obrigado. Gostei do blogg, não conhecia. Vou vir + vezes!!!

Beijinho

Gisele Resende disse...

Olá Antônio,

Gosto muito das suas reflexões. Nos estimula a refletir....Muitas vezes estamos a fazer tanto barulho, que não escutamos a voz de Deus. Oramos somente a pedir e a reclamar. A colocar os nossos anseios e insatisfações! Esquecemos de agradecer por cada momento bom ou ruim. Queremos só o que desejamos, ficamos cegos a muita coisa que está ao nosso redor. Talvez isso seja o grande problema. A transformação começa de dentro para fora e não de fora para dentro. Muitas vezes precisamos abandonar hábitos e costumes antigos. Estar realmente presente diante de Deus e em silêncio!

Abraços,

Gisele.

concha disse...

Nestes escassos anos em que me reaproximei de Deus,comecei por ter uma grande ânsia de pesquizar tudo o que me fosse dando um rosto para este Deus.A oração tem sido uma verdadeira batalha.Porque sempre faltava aquela vontade de a fazer.Este ano fiz as Oficinas de Oração e tudo o que lá escutei e aprendi veio de encontro áquilo que para mim começava a ser a verdadeira oração.Há que de facto fazer silêncio interior e colocar-me numa atitude de disponibilidade de coração para que a comunhão em Deus aconteça.Depois, não peço,não reclamo,simplesmente estou ali num silêncio que curiosamente não é vazio.Nesse estar assim,por vezes obtenho resposta às minhas inquietações e acima de tudo fico em paz comigo e com o Mundo.
É claro que por vezes peço mas esse pedido é sempre que Deus me envie o Espírito Santo e que se faça a Sua Vontade,porque eu não tenho os dados todos para saber o que será melhor para mim ou outros.
Num livro que tenho de pensamentos diários, um desses pensamentos dizia que rezar é relacionar-se.Esta frase, fez-me todo o sentido.
António!Se tiver dito alguma barbaridade, por favor corrija-me.
Um abraço com gratidão por tudo aquilo que aqui me é proporcionado

António Valério,sj disse...

Bom dia e obrigado pelas visitas e comentários. Bem vinda Lídia!

A oração é o nosso espaço de profundidade e vamos percebendo, à medida que entramos nela, que é uma força muito mais poderosa do que imaginamos. No silêncio e na nossa disponibilidade interior, Deus faz.

Concha, não disse nenhuma barbaridade! A oração é pensar na nossa vida e nas nossas pequenas opções, mas o grande pedido é o do Espírito Santo. Como diz são Paulo, nós não sabemos o que pedir, mas é o seu Espírito que fala em nós. Isso é um desafio e é magnífico ;)

 

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