25 novembro 2009

Deus em nós e nós em Deus

Sugestão de Lídia
Aprofundamento de Deus em nós. Ir à raíz. 
O lugar de Deus em nós e o nosso n'ELE, à luz da Fé e da Sociedade actual. 
Confrontar a inquietude que consome com a não existência que resiste.



Cada uma destas frases daria para um tema! Mas vou tentar focar os pontos principais que possam unir estas questões. Muito ficará por dizer, mas se for necessário, é só sugerir algum aprofundamento, que o farei com o maior gosto.

Uma das frases que mais me tem acompanhado ultimamente nas minhas reflexões sobre Deus e a Vida é que não servem muitas definições. Deus não se define, não é uma ideia ou um conceito, uma projecção do melhor de nós ou uma simples expressão do divino que não se vê no quotidiano. O máximo que se pode afirmar é que Deus é Amor... mas amor, como o definimos? Quem é capaz de definir o que é amor sem logo a seguir estar a trair a definição, nas incoerências da vida, numa pálida imagem da força que é amar? Amor não se diz, vive-se, estamos nele como uma surpresa que nos invade e nos leva para dentro e para fora de nós. Quando o dizemos, já o perdemos, mas quando o realizamos, quando este acontece, o Amor mostra-se na sua verdade tocada, na vida que Ele próprio dá.

Daí que o Amor, Deus, é um ambiente, a expressão profunda e verdadeira da Vida, na Bondade, na Alegria, na Compaixão, na Entrega, na Humildade, na Esperança. Deus é a realização já conseguida, desde sempre e para sempre, de juntar toda a nossa experiência da Vida e transcendê-la além do egoísmo e dos pequeninos horizontes. Toda a nossa Vida, pelo simples facto de ser, é já tocada e provocada para rasgar tudo o que é inútil ou sinal de uma vidinha que teimamos em considerar grande. Descer em nós é encontrar esta originalidade, de perceber a vida tal como é, como dom e como promessa. Por isso se diz "criados à imagem e semelhança de Deus", com a mesma potência do amor, e nunca conseguida totalmente.

Não somos divinos, e é ilusório o discurso de que Deus é o melhor de nós, que é o bem que fazemos ou que se mostra no mundo. Esta é uma projecção e simplificação banal e fácil de nós mesmos. Não fazemos assim honra à nossa divindade. Somos contraditórios, pouco livres, egoístas. É este o drama de ser imagem do Amor e ao mesmo tempo livres de querer sê-la ou não.

Descer a nós mesmos é subir ao dom que nos foi dado, que acredita em nós apesar de tudo. Podemos ser indiferentes a este dom, mas este  dom não é indiferente em relação a nós. Está e estará sempre, é a nossa luz  por detrás da nossa sombra, o diamante que nunca se apaga, mesmo fechado com mil cadeias. Encontrar esta luz é descobrir-se amado no mais profundo, só porque se tem este Dom, imenso, único, intransmissível, a Vida. Descobri-lo é depois querer, com todas as forças, realizá-lo e expandi-lo. É a verdade de nós mesmos que se manifesta em toda a sua glória, onde nós e Deus coincidimos, onde por um momento fomos capazes de deixar de ser pequenos mundos e amar como quem abraça o universo.

A inquietude actual nasce precisamente de estarmos já fartos de respostas fáceis e imediatas. Procuramos e viramos tudo do avesso, em distracções contínuas, em comprar o ultimo grito da moda e da tecnologia, em horas de consulta psicológica, e busca de harmonia cósmica. Por mais que estas coisas possam ajudar, na medida certa, estamos só à superfície. Enchemos um mundo de coisas que não nos servem e só escurecem a nossa luz, escondem-nos de nós mesmos. Apenas vivemos e existimos verdadeiramente quando nos assumirmos como fragilidade amada, acreditada, perdoada. Quando nos deixarmos abraçar pela Verdade, quando deixamos que Deus seja o nosso ambiente. E vivemos n'Ele, com Ele e para Ele.


6 comentários:

Nova Civilização disse...

Olá Antônio,

muito boa essa reflexão. Gostei. Parabéns à Lídia pela sugestão.

Grata pela partilha,

abraços,

Gisele

Isabel Maria Mota disse...

Bom dia António

Gostei de "ouvir" as tuas palavras e de partilhar esta refelxão. Às vezes as respostas estão mesmo ao nosso lado e, vezes há, em que temos medo, vergonha ou seja lá o que for de olhar para elas... Deus é Amor... e tanto... que muitas vezes não se define, vive-se e sente-se! Um grande beijinho, Isabel Mota

Isabel Maria Mota disse...

Bom dia António

Gostei de "ouvir" as tuas palavras e de partilhar esta refelxão. Às vezes as respostas estão mesmo ao nosso lado e, vezes há, em que temos medo, vergonha ou seja lá o que for de olhar para elas... Deus é Amor... e tanto... que muitas vezes não se define, vive-se e sente-se! Um grande beijinho, Isabel Mota

Lídia disse...

Olá! E muito obrigado!

Pois é, só lhe tenho a agradecer as suas reflexões, são de intensa profundidade, carismáticas! que me orientam na medida em que sinto que DEUS vive em mim, no concreto, na existência... só basta eu deixar... que ELE me toque, que ELE actua em mim... Para que o Seu Rosto, a Sua Imagem, o Seu AMOR (ELE é amor) seja reflexo no meu ambiente, naqueles que comigo partilham o quotidiano, ou melhor, a VIDA, como dom, como graça. Obrigado.

Tudo de bom para si, conte com a minha oração, numa amizade em Cristo.
Beijinho

Carl@ Mesquita disse...

É de Fé que falamos. É do coração que permanece a essência do sentir.
Obrigada pelas tuas palavras, pela tua Oração. Grande Beijinho Amigo*)

Leonor disse...

Ler, reler e voltar a ler.
Qu texto maravilhoso!
Quantas vezes dou por mim a pensar no que será essa entidade a que chamo Deus. Identifica-la com amor é fácil mas ter a noção do alcance do que se diz é outra história.
Adoro a expressão "Deus é um ambiente".

Um beijinho

 

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