Um professor meu descrevia a vida de hoje como um gigantesco labirinto. E a grande questão não era como encontrar o caminho para sair dele, mas sim encontrar o modo de o habitar, fazendo dele a minha casa. Aprender a perder-me, mais que procurar desesperadamente saídas irreais. Acredito que não podemos olhar o facto de experimentarmos dificuldades como algo que não deveria acontecer. Estaríamos a iludir-nos. A questão está em colocar-me na dificuldade e fazê-la minha, num exercício de verdade que pode doer. Mas só posso mudar aquilo que conheço profundamente, é a dificuldade que me fará crescer em criatividade e serenidade. Olhando a nossa história, vemos que as crises foram momentos essenciais para sermos o que hoje somos. Mas não nos lembramos disso muitas vezes...
às
22:14
03 fevereiro 2009
Resistência
Publicada por -
António Valério,sj
(Ainda sobre a questão da ausência de Deus nas contrariedades da Vida)
A Vida não é fácil, não só por causa das nossas próprias experiências de desilusão, solidão, desencanto, medo, mas também pelo panorama devastador que cada dia é posto diante de nós nas notícias. A ponto de nos deixar sem palavras e perguntarmo-nos como é possível que o mal tenha uma força tão grande, parecendo capaz de orientar e controlar a própria história.
No fundo, todos percebemos o que é o bem e o amor que podemos fazer e que poderia acontecer. Mas é um facto que isso não acontece. Somos quase desafiados ou constringidos a acreditar no bem acima de toda a razoabilidade, até haver forças... até ao momento em que não resistimos mais e atiramos a toalha ao tapete.Ponto final. Mais vale preocupar-me com um equlíbrio de vida possível sem utopias. O meu mundo tem fronteiras muito bem marcadas, onde só entra quem e o que eu quiser. Mas não sou impermeável ao mundo, tudo toca e molha a minha pele, e de repente estou diante de um castelo cheio de brechas na muralha, sem me poder defender. Podemos viver assim toda a vida...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Este seu texto faz-me lembrar a parábola do filho pródigo, a tentativa desesperada de procurar fora de "casa" a "saída" ou a solução para os seus/nossos problemas. É na dificuldade que crescemos em criatividade e serenidade e também ele, o filho pródigo, só depois de ter vivenciado essas mesmas provações compreendeu e obteve a serenidade suficiente para regressar ao Pai.A memória é a moldura da vida...Obrigado
António
Somos chamados a esperar em Deus, contra tudo e contra todos. Parece fácil mas não é. Exige um treinamento interior muito grande. Talvez por isso poucos consigam. É lindo querer fazer do labirinto a sua casa, mas é muito fácil almejar a saida dele.
"A esperança não decepciona" (Rm 5,5)
Prefiro lutar a morrer na praia. Como diz uma canção:
"Sou estrangeiro aqui, o céu é o meu lugar. É de onde vim é pra onde vou, é lá onde vou morar..."
Basicamente, olhar o "mau" como um bem maior, uma situação que acabamos por superar e depois deixamos ficar ali... aprendemos mas não parece ser importante como e quando, parece que rapidamente esquecemos quando nos encontramos no conforto de "tudo passou e é passado".
Nos dias de hoje ainda não conseguimos o conforto e passamos o tempo a lamentar-nos e ver que todos se vão encostando aos cantos da vida à procura que ela mesma avance sozinha... desmotivada como se vê que vai sendo vivida é difícil avançar!!
A seu tempo acredito que aprenderemos como realmente depois de um mau tempo vem o sol :)
Desabafos após época de exames:
Com trabalho, na escola, e exames de Faculdade... nem sempre é fácil conjugar.
Resistências e Persistências. Foi assim que o meu estado se encontrava nestes dias. Dias intensos, confusos e, por vezes, até perdidos... por não saber lidar com a vontade e a força do querer e ter tempo de fazer bem. Foi um confronto, na verdade, um exercício de dificuldades... que nós nos fazem crescer e ser grandes.
Com Ele caminhei e fez-me caminhar, onde o Resistir foi uma força, e Persistir uma vontade. A Fé foi a casa deste caminho.
Obrigada=)
Enviar um comentário