30 novembro 2009

Os limites

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O que é um facto é que nunca me dei bem com as mudanças de tempo e agora estou com uma constipação. Mesmo que a febre não seja muita, o incómodo basta para fazer com que o dia se arraste sem fazer muitas coisas que poderia fazer. O corpo impõe-nos os seus limites e tem a sua força.

Sentir determinada incapacidade é uma oportunidade de não ficar no lamento e sem fazer nada. Abrem-se possibilidades de se poder dedicar a outras coisas com outra espécie de paz. Mais serena... curiosamente, a serenidade que tenho vivido nestes últimos tempos ajudam a encarar este obstáculo como algo mais pequeno. Os limites situam-nos num "agora" cheio de promessas. Em que sonhos maiores se calhar não têm lugar, mas em que o concreto pode ser vivido com outra profundidade.

Não é muito agradável sentir-se doente, mas também não há muito a fazer, ao menos há uma possibilidade de um bom dia de descanso amanhã! Do mal o menos =)

26 novembro 2009

Sim, mas...

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Hoje estive a pensar e reflectir sobre as conversas que tenho, acerca de acontecimentos e pessoas. Quer eu, quer outros, temos um estranho hábito de começar por louvar uma situação, que é maravilhosa, óptima, e depois, lá vem a palavra mágica: sim, mas...

E o discurso que vem a seguir é muito mais convincente e interessante.

Os nossos "mas" podem ser a expressão de uma capacidade crítica e desejar o melhor, mas escondem uma armadilha que consiste em não sermos generosos e compassivos nos nossos juízos. Entre as ideias claras e ter um mundo feito à minha medida está uma fronteira muito ténue. Prefiro ser ingénuo algumas vezes, a estar constantemente a olhar os pontos fracos dos outros. Talvez o principal problema esteja em mim e sou eu o ponto fraco do meu mundo.


25 novembro 2009

Deus em nós e nós em Deus

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Sugestão de Lídia
Aprofundamento de Deus em nós. Ir à raíz. 
O lugar de Deus em nós e o nosso n'ELE, à luz da Fé e da Sociedade actual. 
Confrontar a inquietude que consome com a não existência que resiste.



Cada uma destas frases daria para um tema! Mas vou tentar focar os pontos principais que possam unir estas questões. Muito ficará por dizer, mas se for necessário, é só sugerir algum aprofundamento, que o farei com o maior gosto.

Uma das frases que mais me tem acompanhado ultimamente nas minhas reflexões sobre Deus e a Vida é que não servem muitas definições. Deus não se define, não é uma ideia ou um conceito, uma projecção do melhor de nós ou uma simples expressão do divino que não se vê no quotidiano. O máximo que se pode afirmar é que Deus é Amor... mas amor, como o definimos? Quem é capaz de definir o que é amor sem logo a seguir estar a trair a definição, nas incoerências da vida, numa pálida imagem da força que é amar? Amor não se diz, vive-se, estamos nele como uma surpresa que nos invade e nos leva para dentro e para fora de nós. Quando o dizemos, já o perdemos, mas quando o realizamos, quando este acontece, o Amor mostra-se na sua verdade tocada, na vida que Ele próprio dá.

Daí que o Amor, Deus, é um ambiente, a expressão profunda e verdadeira da Vida, na Bondade, na Alegria, na Compaixão, na Entrega, na Humildade, na Esperança. Deus é a realização já conseguida, desde sempre e para sempre, de juntar toda a nossa experiência da Vida e transcendê-la além do egoísmo e dos pequeninos horizontes. Toda a nossa Vida, pelo simples facto de ser, é já tocada e provocada para rasgar tudo o que é inútil ou sinal de uma vidinha que teimamos em considerar grande. Descer em nós é encontrar esta originalidade, de perceber a vida tal como é, como dom e como promessa. Por isso se diz "criados à imagem e semelhança de Deus", com a mesma potência do amor, e nunca conseguida totalmente.

Não somos divinos, e é ilusório o discurso de que Deus é o melhor de nós, que é o bem que fazemos ou que se mostra no mundo. Esta é uma projecção e simplificação banal e fácil de nós mesmos. Não fazemos assim honra à nossa divindade. Somos contraditórios, pouco livres, egoístas. É este o drama de ser imagem do Amor e ao mesmo tempo livres de querer sê-la ou não.

Descer a nós mesmos é subir ao dom que nos foi dado, que acredita em nós apesar de tudo. Podemos ser indiferentes a este dom, mas este  dom não é indiferente em relação a nós. Está e estará sempre, é a nossa luz  por detrás da nossa sombra, o diamante que nunca se apaga, mesmo fechado com mil cadeias. Encontrar esta luz é descobrir-se amado no mais profundo, só porque se tem este Dom, imenso, único, intransmissível, a Vida. Descobri-lo é depois querer, com todas as forças, realizá-lo e expandi-lo. É a verdade de nós mesmos que se manifesta em toda a sua glória, onde nós e Deus coincidimos, onde por um momento fomos capazes de deixar de ser pequenos mundos e amar como quem abraça o universo.

A inquietude actual nasce precisamente de estarmos já fartos de respostas fáceis e imediatas. Procuramos e viramos tudo do avesso, em distracções contínuas, em comprar o ultimo grito da moda e da tecnologia, em horas de consulta psicológica, e busca de harmonia cósmica. Por mais que estas coisas possam ajudar, na medida certa, estamos só à superfície. Enchemos um mundo de coisas que não nos servem e só escurecem a nossa luz, escondem-nos de nós mesmos. Apenas vivemos e existimos verdadeiramente quando nos assumirmos como fragilidade amada, acreditada, perdoada. Quando nos deixarmos abraçar pela Verdade, quando deixamos que Deus seja o nosso ambiente. E vivemos n'Ele, com Ele e para Ele.


23 novembro 2009

Oferecer

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Viver a vida com generosidade consiste em dar importância ao que verdadeiramente interessa. A grande questão está em ganhar distância para poder distinguir o urgente do essencial. Tudo é importante, mas não da mesma maneira. Vivemos cada dia esta tensão de não nos dividirmos em inúmeras coisas a fazer e não termos oportunidade para encontrarmos o pulsar do nosso tempo.

É bom que nos empenhemos em fazer bem aquilo que é suposto, quanto mais não seja para descargo de consciência. Mas corremos o risco de descarregar de tal modo a nossa consciência que acabamos por não ter consciência do porquê de fazermos as coisas. No fundo, sou eu ou as minhas acções.

Ser o que faço, estar no que faço é uma autenticidade ganha à custa de estar atento ao que faço do meu dia. Falta-nos generosidade para encarar cada dia como possibilidade de simplesmente ser. Fazemo-nos autênticos em tudo, marcamos algo por oferecer o que temos de melhor. Sobretudo nas pequenas coisas.

22 novembro 2009

Passos em volta

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Hoje acordei com esta música. E encontrei este vídeo que a acompanha. A liberdade é um voo de confiança e que torna o mundo imensamente grande e bonito. Somos capazes de coisas tão eternas... leveza e beleza.

Bom domingo! =)


20 novembro 2009

Bondade

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Confesso que nos últimos tempos, ou melhor, já nos últimos anos, a palavra bondade me toca especialmente. Tem um toque simplicidade e verdade. Uma pessoa boa é assim, sem fazer muito esforço. E é tão bonito conhecer e encontrar pessoas assim, é um desafio a nós mesmos!

A bondade tem duas faces: a paz e a generosidade. Parece que a realização de uma pessoa boa passa por fazer bem aos outros, fazê-los felizes, e não poupa esforços para sair de si. Mais que isso, não calcula gestos. E essa pessoa transmite paz, está bem, faz bem.

A bondade é um dom, mas que se pode desenvolver a partir daquilo que achamos ser importante para nós e para o mundo. Estar divididos, ser complicados, não é um caminho que ajude. O que queremos verdadeiramente, conseguimos alcançá-lo. É tão bom sentir essa bondade! :) As pessoas são bonitas, muito!


18 novembro 2009

Viagem de Outono

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Fotografia de Teresa Lamas Serra (e saudades destas paisagens)

 Quando hoje saí de casa, encontrei um daqueles dias de outono, com um sol e calor algo raros nesta época do ano. As cores das casas, das árvores e da luz. Roma tem as cores do outono. Sem querer, fui-me deixando levar por pensamentos que desaceleravam e...

Dei-me conta que não existem muitas palavras que possam exprimir a importância que temos no conjunto de tudo o que existe. Como se os nossos pés fossem desenhando linhas vistas desde o céu. Fazemos caminhos confusos e raramente seguimos exactamente por onde uma vez tínhamos viajado. Cada movimento nosso é carregado de uma surpresa que vai sem retorno.

Temos medo do definitivo, apesar de jurarmos amor vezes sem conta. Porque sabemos do que somos feitos, de como não somos nós diante de nós mesmos. Custa-nos deixar cair mentiras e ficar despidos na mais pura verdade. Assim expostos, não nos defendemos, nem temos para onde fugir. Amamos e odiamos as mesmas coisas, queremos perder e ao mesmo tempo agarramo-nos com todas as forças que temos. Como se perder fosse o fim da própria vida.

Porque é que o outono é assim tão fascinante? Quererá a natureza despedir-se no seu maior esplendor, vestir-se de ouro e luz de diamantes só para anunciar um regresso depois do frio? E assim vestimo-nos com a mesma cor do fim, e deixamo-nos andar sem sair do mesmo sítio?

A esperança não desilude. Tal como o amor move montanhas, apaga noites e destrói distâncias. Acabamos sempre, quando assim o quisermos, por dizer amor em gestos concretos. Se somos Beleza de Outono, é porque seremos Vida de Primavera.

17 novembro 2009

Vocação de Irmão Jesuíta

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(sugestão de Princesa)




Este tema é mais específico, para falar de um aspecto da vocação dos jesuítas, talvez não tão conhecido, que é a vocação de Irmão. O mais próprio seria que fosse um irmão a poder explicar melhor em que consiste essa vocação, mas falarei daquilo que sei e da experiência que tenho de contacto com tantos companheiros irmãos.

Ser irmão não é, de modo nenhum, uma semi-vocação. É vocação no sentido mais pleno da palavra, uma vez que corresponde à consagração de uma pessoa a Deus e ao serviço na Igreja, através dos votos religiosos de pobreza, castidade e obediência.

A Companhia de Jesus nasceu com o grupo de primeiros companheiros, reunidos por Santo Inácio de Loiola, e estes, desde o início, tiveram muito presente que o seu modo particular de servir a Igreja e consagrar-se a Cristo seria através do ministério sacerdotal. De facto, quando a Companhia é fundada, todos tinham já sido ordenados. Porém, logo nos primeiros anos, começaram a pedir para entrar na Companhia de Jesus, homens que queriam viver a mesma missão e o mesmo carisma, mas não viam que a vocação tivesse que ser necessariamente ligada ao ministério sacerdotal. Daí que começaram a existir jesuítas que vivem plenamente a sua vocação jesuítica sem serem ordenados sacerdotes.

É certo que, durante muitos anos, os irmãos tinham como parte da sua missão ajudar os sacerdotes a que pudessem desenvolver bem a sua missão, tratando de coisas mais práticas. Por isso, os serviços de casa (cozinha, roupa, etc) eram normalmente confiados aos irmãos. Mesmo que, ao longo da história, não faltassem irmãos que se dedicaram ao acompanhamento espiritual, às missões, a trabalhos relacionados com o ensino ou a arte, etc, a imagem que foi ficando é que seriam uma espécie de vocação para coisas práticas, sem ser necessária muita preparação académica. Com o passar do tempo e, mais recentemente, isso já vai sendo ultrapassado. Quem agora entra na Companhia como irmão, participa da mesma missão de um padre, sem o exercício do ministério sacerdotal, mas com a formação necessária aos diversos apostolados a que pode ser enviado: pastoral, exercícios espirituais, economia, gestão, área da saúde, ciência, arte, ensino, etc...

Com tudo isto, há dois aspectos fundamentais a ter em conta:

- Que um irmão jesuíta é chamado, tal como um sacerdote jesuíta, a viver a mesma consagração a Deus. Ambos são religiosos. É mais fácil associar um religioso ao ministério de sacerdote, pois visivelmente faz coisas que outros não podem fazer. Mas a vocação de irmão consiste num serviço, neste sentido, mais "original" e "radical", uma vez que é chamado a viver, como leigo consagrado, o testemunho da vocação religiosa, que num padre é mais evidente.

- A Companhia sempre se identificou como um Corpo para a missão, no qual convivem unidade e diversidade. Uma mesma vocação a Deus e ao carisma inaciano, mas segundo modos diversos de a viver. Esta diversidade na unidade, não só a nível de vocação religiosa, mas também a nível de culturas, idades, mentalidades, carismas pessoais, faz parte da identidade do ser jesuíta.

Por fim, da minha experiência pessoal, confesso que a maioria dos irmãos que conheci e conheço pertencem a um tempo em que estes se dedicavam a tarefas mais práticas. Com os irmãos mais novos não se passa isso, agora existem programas de formação muito aplicados aos casos concretos que existem. Mas o que sempre me tocou é o seu testemunho de vida, que me ensinaram tanto na minha formação e agora, como padre, me continuam a desafiar. Homens de Deus, que no silêncio do seu trabalho, da sua generosidade, manifestam sempre um amor enorme a Deus e às pessoas. São capazes de relações humanas de uma simplicidade e profundidade que sempre admirei muito. São para mim verdadeiros exemplos e confirmam a minha vocação no que tem de mais fundamental.

15 novembro 2009

Motivados pela esperança

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Impressiona-me cada vez mais o facto de a Vida ser um desafio constante a superarmo-nos a nós mesmos e a encontrar em pequenas coisas a força para fazer um caminho autêntico baseado na própria verdade. Tenho a certeza que o ser amado é o motivo principal que nos leva a querer sempre ser mais.

Ser mais consiste em corresponder a um dom. Não existe reconciliação ou passagem do erro para a verdade sem antes termos feito a experiência de um dom que nos supera totalmente. Este dom percebe-se em momentos privilegiados da Vida, em que o tempo teve a ousadia de nos fazer levantar das coisas comuns em direcção a alturas que não nos sabíamos capazes de atingir.

Estas alturas são toques de eternidade em cada momento do presente. Transformam o tempo em qualquer coisa além do tempo, e transformam o espaço em qualquer coisa que vai além do espaço, uma paisagem de sonhos e memórias que dizem quem somos e para quê existimos. Acordar cada dia é um compromisso com o limite e o andar além dele, é a esperança que se pode concretizar, o existir em amor, na simplicidade e no acolhimento.

13 novembro 2009

Além do desconhecido

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O horizonte fascina-me. Não há nenhum lugar que mais me impressione interiormente que a planície. É um lugar ao mesmo tempo desértico e completo, com uma energia pacífica que consola e faz viajar além do que se vê. A montanha traz curiosidade, faz perguntar o que estará depois dela. A planície, pelo contrário mostra o conhecido, mas é um horizonte imenso que se vê, mas não acaba.

O caminho por entre a planície é uma metáfora de uma vida que sempre procurou alargar os próprios horizontes. Por entre poucas novidades, mas na confiança de que cada passo acrescenta um olhar novo ao que se conhece. E é tão importante ver quanto caminhar, são pequenas certezas construídas e nunca acabadas.

Não ser perfeito desgasta quem se arrasta incoerentemente por um  caminho que é obrigatório fazer. Aquilo que conhecemos não é suficiente para ficarmos instalados sem querer saber coisas novas. Um excesso de conhecimento é uma fantasia, fala apenas da parte mais pequena da vida. É o desconhecido além do horizonte que motiva o caminho livre e desprendido. Se formos capazes de alguma perfeição, então o grande sinal está na vontade com que ultrapassamos os próprios limites. E acredito que nisto somos perfeitos.

11 novembro 2009

O passo a dar

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Se estamos parados a meio caminho significa que estamos a ponto de partir nalguma direcção. Não nascemos para ficar habituados ao que sempre aconteceu, nem sequer a boas memórias. O encanto da Vida está nesse querer, por si mesma, ser tempo que passa e nos leva consigo.

É maravilhoso quando temos a experiência de arregaçar as mangas e dar-se ao trabalho para conseguir realizar o melhor de nós. Entra a coragem e a falta de certezas fazemos nascer o que somos já a partir de hoje. Damos valor a tudo sem querer que todas as coisas fiquem imóveis a contemplar-nos. Antes pelo contrário, acrescentamos Bondade e Alegria ao que está à nossa disposição.

Quando existe dúvida, então é sinal que temos entre mãos um dos desafios mais bonitos que podemos ter: o de fazer da nossa história um livro cheio de cores e desenhos, quase recordando os tempos em que, como crianças, desenhávamos um mundo de fantasia que era mais verdadeiro que o que vivíamos. Era uma fantasia de um sonho bem real, e o desejo de o conseguir ver presente.


09 novembro 2009

A tranquilidade

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As agitações são tempos incómodos, é como se a poeira estivesse levantada e nos impedisse de olhar para os detalhes. Envolvidos numa nuvem que não conhecemos, que é prevista e imprevisível. Sempre me perguntei o porquê de nestas situações encontrarmos força para fazer caminho, seja aquele que for. E fui-me dando conta que não foram boas decisões.

Não é preciso assustarmo-nos com o que sentimos, quando o mundo se nos apresenta de forma confusa e os acontecimentos são avassaladores, sem tempo de os termos na mão e levarmos pacientemente connosco.

A sabedoria passa por uma ausência de decisões imediatas, ou as nossas precipitações, e deixa-nos num espaço paradoxal de saborear a própria confusão. E é bom que assim seja. Estou cada vez mais convencido que o nosso presente, claro ou confuso é um dom. Uma nuvem que não nos deixa ver claro é a oportunidade de nos sentarmos, escutarmos. De trazer ao hoje a alegria de cada momento da nossa Vida.


08 novembro 2009

Imortal

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Hoje deixo uma música. Imortal, de Rodrigo Leão, cantada ao vivo.



Nalguns momentos, é preciso deixar-se levar na confiança e no sonho, tomar consciência do dom que somos na vida das outras pessoas e como a nossa marca é imortal, quando feita com amor e entrega.

07 novembro 2009

Reencontro

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Passamos algumas vezes por tempos de resumo da nossa Vida, onde criamos espaço para descobrir rumos de acontecimentos e resultados de escolhas. É bonito quando se encontra paz naquilo que hoje somos. A paz é terreno fértil onde nascem futuros carregados de sonhos que se começam a cumprir.

O grande desafio da nossa Vida é que dificilmente tudo estará completo. Então resta-nos um esforço diário de construir aquilo em que acreditamos. A violência não é amiga dos nossos passos mais profundos, é necessária uma enorme paciência e um gosto na descoberta de pequenos pormenores que iluminam o sentido do que fazemos.

A vida em plenitude requer um optimismo grande perante o futuro, sem mais cálculos necessários do que a fidelidade de cada dia à nossa perfeição. Juntar o que somos e o que seremos, re-encontrar Belezas tão esquecidas que parecia impossível que tivessem resistido a tantos descuidos. No fim, somos privilegiados por viver, é a Beleza maior que temos para cuidar.

05 novembro 2009

Transformação

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Tenho andado há dias com uma pergunta que li. Porque será que, mesmo mantendo uma vida regular de oração, vamos percebendo que esta não nos transforma? Em muitas coisas não nos faz mais pacíficos, mais humildes ou mais tolerantes. E mais felizes.

Acredito que a questão do passar a oração para a vida não é nada linear. Talvez porque não acertamos com o mais importante e pensamos que a oração é um espaço de pensar coisas sobre Deus e sobre as nossas decisões. Parece que é importante falarmos de nós, pensarmos e rezarmos a vida. Isso também faz parte, mas falta algo.

O tempo de oração é também a possibilidade de Deus se dar exclusivamente. É um espaço aberto à confiança e a deixar que Ele faça o que entender. Não são os nossos desejos e os nossos objectivos, mas deixar que aconteçam os desejos e os objectivos de Deus. Oração é silêncio, e este é o que mais transforma, desde dentro, sem muitas palavras.


03 novembro 2009

Disposições

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Os nossos pontos de partida em relação ao futuro têm para trás histórias longas, por vezes pouco conhecidas por nós mesmos. Daí que seja fácil que sintamos medo ou confiança diante de um desafio, dependendo de como fomos capazes de ler o que foi acontecendo.

As nossas disposições abrem-nos ou fecham-nos a determinadas opções de acordo com o modo como lidamos com a nossa história. Daí podem nascer preconceitos ou falsas seguranças que não nos deixam confiar. Noutras alturas, um caminho feito bastante às claras ajuda-nos a encarar o futuro com outra consciência, muito mais realizada e feliz.

Um horizonte é um reflexo do nosso olhar, é tão grande como o quisermos contemplar. Ao ficar fechados, perdemos oportunidades de ir mais longe, tanto quanto nem possamos imaginar. Ficamos maiores. Iluminar sem medo a própria Vida é um meio de caminhar luminosamente no futuro. É um desafio, pode ser exigente, mas é muito autêntico.


02 novembro 2009

Amar tem muitas caras

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Hoje fiz uma visita por vários blogs amigos e confirmei uma coisa. Parece que há alturas em que há um maior número de temas recorrentes. E é curioso que seja também o tema que mais me ocupa interiormente. Talvez seja porque, em determinada altura do ano, o tempo nos faça frutificar diferentes sentimentos. E o sentimento de hoje é especial.

O amor é um apelo grande à verdade da nossa Vida. É ter consciência, e uma consciência mais afectiva que racional, que nos sentimos movidos por uma energia que faz com que cada coisa tenha um rumo. Em direcção a algo ou alguém que amamos. Não nos sentimos perdidos, mas por vezes quase que arrastados. É uma força pacífica e reconciliadora e, ao mesmo tempo, com uma violência que não nos deixa tomar o pulso à situação.

O amor tem a extraordinária capacidade de nos fazer "deixar andar", sem pensarmos muito nas consequências. Confiamos ingenuamente, perdemos tempo com tesouros que não custam ganhar. É felicidade e exigência. Quando a verdade do nosso bem faz bem, estamos entusiasmados. O amor é esta extraordinária capacidade de não sermos donos do tempo, nem de nós e, sobretudo, dos outros.



 

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