29 março 2009

"Carpe diem"


Qual será o motivo para termos dificuldade em assumir a felicidade presente? Já nos habituámos a dizer e ouvir tantas vezes: "vive hoje como se fosse o último dia". Ou a expressão "carpe diem" que acaba por não significar nada de profundo, a não ser permitir-me fazer tudo o que me apetece. Impressiona-me que se possam usar frases que em si até apelam a um nível de exigência na nossa profundidade e acabar por usá-las para coisas tão superficiais.


Viver o momento presente é difícil. Até porque não há nada tão passageiro como o tempo que estamos a passar, em que um pensamento sucede a outro, ou uma acção segue a outra. Onde poderei encontrar o espaço onde possa dizer que hoje sou este aqui, com todas as minhas memórias e todos os meus desejos? O sofrimento presente faz parte desta tensão de recordar o que foi bom e preparar o que virá a ser melhor. Por isso, somos constantemente empurrados para as duas direcções, e estamos perante imagens pasadas e futuras, mas sem podermos tocar nenhuma carne concreta.


Se o "carpe diem" faz algum sentido, terá de ser feito na verdade concreta do que hoje me acontece e não no fugir à procura de sensações que não têm nada a ver com a minha realidade. E hoje sou história perdoada e agradecida, hoje sou promessa e opção. Hoje choro e rio, desisto e sonho, perco e ganho. Se estiver à espera de vir a ser feliz um dia, é porque não esisto para mim mesmo. Talvez o grande problema seja não acreditar que hoje sou uma paisagem imensa, real e de uma beleza indescritível. Falta-me contemplação.

2 comentários:

disse...

As tuas palavras encaixam na perfeição no meu Ser, hoje... Obrigada Amigo, pela tua presença em oração, sinto. Um abraço de Luz. Té

susana disse...

só para dizer que volto amanhã com tiver capacidade cognitiva para comentar sériamente. Já tinha saudades de por a minha leitura em dia por aqui. Um abraço forte.
su

 

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