11 setembro 2006

O Instante

Era difícil continuar assim, passando de rua em rua, olhando as montras e as pessoas bonitas. Querendo ter tudo e deixando fugir cores e sons em sentidos dispersos. Faltava-lhe agarrar o fundo das coisas, a energia que iluminava o olhar e fazia ecoar o riso. Tudo acontecia sem nexo, deixava-se levar na corrente das coisas comuns.

Este homem estava cansado da Vida? Acho mesmo que não. O seu ser humano mais profundo gritava pela união com o Universo. Não dava para continuar a ser mais um átomo no movimento da Terra. Gritava por dentro porque queria ter a Vida nas mãos, saboreá-la, cuidá-la...

E procurava em livros de especialidade, em conselhos de pessoas inteligentes, em hora de longa meditação transcendental. E só lhe ficavam satisfações fugazes, assomos de verdadeira Humanidade.

E nessa noite, depois de horas de viagem interior, pára diante do Espelho. Vê para além do seu olhar, penetra o coração. Isto acontece tão poucas vezes na Vida.

Olhar o que sou, perceber que tudo o que me rodeia está em íntima comunhão comigo, quando descubro que já tenho agora o que me faz mais dono do Mundo. O Amor de Deus, a força de amar e ser amado, a coragem de olhar as mentiras com verdade, de ficar cego com o esplendor da escuridão.

Um momento, um instante eterno que transforma os olhares, os ouvidos, a boca, o cheiro, as mãos e o coração.

1 comentários:

Anónimo disse...

"...E procurava em livros de especialidade, em conselhos de pessoas inteligentes, em hora de longa meditação transcendental. E só lhe ficavam satisfações fugazes, assomos de verdadeira Humanidade..."

Meu caro amigo como é verdade!

Luís

 

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