Estamos sempre a aprender coisas novas. No outro dia, ao fim da tarde, enquanto passava com um companheiro pela rua, chamou-nos a atenção um homem, dos seus 30 anos. No chão um saco de viagem preto e, ao lado, montado um tripé de máquina fotográfica com um cartaz grande verde em cima, que dizia: "As tentativas de fotografar Deus".
Perguntei o que queria dizer aquilo. O Gonçalo disse-me que era mais ou menos comum aqui em Roma ver esse tipo de manifestações, às vezes de pessoas zangadas com a vida, que resolviam expressar assim publicamente o seu estado de espírito.
Não estou livre de estar aqui a fazer grandes suposições filosóficas sobre o que estaria por detrás deste quadro. Talvez fosse uma manifestação política ou cultural, mas não deixa de também fazer colocar questões profundas.
O que fará com que alguém, sem pudor de se exibir, faça uma coisa assim? Talvez seja uma espécie de grito surdo de uma busca de sentido da existência, ao qual Deus deveria responder. E não há imagens que o expressem e as pessoas sentem-se sós e desamparadas, com todos os instrumentos para ver, mas sem o olhar correcto.
Esta era uma expressão plástica da busca de comunhão: Não encontro Deus, vejam, olhem-me! Ajudem-me...?
Na altura não pude fazer mais nada do que rezar por ele, seja pelo que for, de tentar estar na comunhão da sua solidão e do seu desejo de Deus.
Que poderia fazer para ser imagem de Deus? O que poderia fazer para lhe dizer que Deus está com ele? Talvez ele não precise de palavras, porque não se expressa com elas... precisa de uma imagem de Amor...
E sinto-me vazio... que imagem tenho para dar?
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