01 dezembro 2009

Tempo de Advento




Sugestão de Lídia

Apesar de estarem ainda alguns temas para ser tratados, escrevo primeiro sobre o Advento, já que estamos no início deste tempo tão especial. Advento, como se sabe, são quatro semanas que antecedem o Natal. É um tempo forte dentro da liturgia da Igreja e é muito útil que se possa ir ao fundo desta proposta, para que o Natal tenha uma outra força.

Talvez o grande problema da pouca novidade que o Natal nos pode trazer - não só porque há dois meses a televisão e as lojas já se encarregaram de nos lembrar disso - é o facto que a festa pode ser uma rotina. Preparar o Natal é pensar nas prendas e dinheiro para as comprar, os convites e lugares da festa de família, participar nalguma acção de solidariedade, etc etc. Chega o dia, e passa... para o ano há mais.

O Tempo do Advento prepara em nós disposições de outro género. Faz-nos voltar para o interior, as nossas atitudes, mais que as coisas práticas a cumprir. Seria necessária uma consciência de que algo nos falta, para que, quando se celebra o Natal, aconteça uma Presença que ilumine e dê Vida. De facto, se virmos bem no Evangelho, o Menino Jesus não nasceu numa casa, pois estavam todas cheias e teve de nascer num lugar bem mais solitário. Corremos o risco de ter a nossa casa e o nosso coração tão cheio de embrulhos e luzes que o Menino não tem espaço para nascer!

Então, o tempo de Advento pode caracterizar-se por esta dimensão fundamental da espera. Quando esperamos, o que acontece em nós? Esperamos algo que não temos, e é precisamente a espera que dá alegria ao momento em que obtemos o que esperávamos.Todos temos imensas histórias que poderiam dar exemplo disso. Quando se espera, deixa-se o presente para centrar energias num futuro que é uma promessa feliz. Organizamos o nosso tempo para esse encontro, sonhamos com ele. Deste modo, o Advento faz-nos sair de um quotidiano sem muitas surpresas e ajuda-nos a procurar e encontrar aquilo que mais desejamos.

O Natal é a celebração do nascimento de Deus que se faz Homem. Deus que entra na nossa história, não de uma forma espectacular, mas através de uma criança recém-nascida. E não poderia ser de outra maneira, já que a predilecção de Deus por cada um de nós terá de se manifestar na forma mais concreta e próxima possível. É diante do presépio que percebemos a força da fragilidade de Deus, que se põe totalmente à nossa disposição, fazendo-se convite a acolher e adorar.

Podemos acolher esta novidade contínua de Deus, que se renova em cada Natal, de acordo com a nossa situação concreta, porque cada ano acontecem coisas diferentes e Deus entra na minha história com uma promessa e uma alegria diferentes. A grande pergunta é: onde quero que Jesus nasça? Onde quero que Deus esteja na minha história, aqui e agora?

O Advento é o tempo de preparar estas perguntas e, para isso, apresenta-nos duas figuras, que correspondem a duas atitudes:

João Baptista e a atitude de conversão. Olhar para nós mesmos, percebermos onde o nosso caminho se tem desviado do bem que sabemos e queremos para a nossa vida. A conversão não é lamento, mas orientar a nossa vida na direcção certa, comprometer-me com a minha verdade e a minha liberdade.

Maria e a atitude de entrega. Nossa Senhora aceita o convite do Anjo para ser Mãe de Jesus, sem perceber tudo, sem conhecer o que realmente estaria a acontecer. Mas é movida por uma extraordinária confiança. Se é Deus que me pede isto, quem sou eu para dizer que não? Faça-se... é o gesto mais perfeito da humanidade que é capaz de acolher Deus.

Se pudermos viver este Advento a partir destas ideias, o Natal será tudo menos uma rotina. Poderá nem ser a festa extraordinária que tivémos o ano passado, mas se a nossa esperança for completa, então o Natal significará um verdadeiro nascimento para uma Vida mais completa e autêntica.

7 comentários:

Anónimo disse...

So beautiful...so nice! :)

Obrigada pelos seus textos.

E. Maria

Lídia disse...

Olá

Em primeiro lugar, debato-me sobre se sei ou não fazer NATAL? Para isso é necessário uma preparação - ADVENTO - que serve simplesmente para me arrumar o coração, para o tornar +limpo, + amplo, + puro, um pouco + digno para receber o MENINO ...especial... O MENINO JESUS. Não, o Advento, é mais do que um tempo de espera, é um tempo de encontro connosco próprios, pois só depois de um conhecimento profundo do nosso ser e de uma conversão verdadeira estaremos dispostos a esperar pela promessa que nos foi comunicada. Pois, como poderei entender a espera de Jesus, ou seja, viver o Advento, se no meu íntimo não conheço, se permaneço obsecada de uma religiosiade vã, egoísta onde não há lugar para a NOVIDADE?? Parece-me que as quatro propostas deste tempo - VIGIAR; CONVERSÃO; PARTILHA/ALEGRIA; ENTREGA - Sejam caminho de confiança na esperança/certeza que é deste modo que JESUS, O MENINO DEUS, nasce a cada dia no nosso coração. Penso também que a conjectura do Advento, ultrapassa este tempo preciso, mas remete a todo UM tempo, na espectativa de um encontro profundo em DEUS. Num encontro definitivo, pois nasce n'ELE, revitaliza-nos, e visa como fim último a feliciade do Outro.

Bom Advento, em paz...esperar com serenidade, mas não esperar parado!
Não é mais ou menos esse o convite do Senhor a cada um de nós?! Talvez?!

Beijinhos

Anónimo disse...

Caro António!
A minha mãe war hochschwanger mit mir, aber ich hatte es nicht eilig, das Licht der Welt zu erblicken. Mama erzählte einmal, dass sie damals gefragt wurde, ob das denn ein Esel werde. Nun ja, bald darauf gebar sie an einem Sonntag ein kleines Mädchen. Kann sein, dass aus diesem Mädchen später doch noch eine Eselin wurde. Manchmal hat es den Anschein.
Porque é que escrevo aquilo conto? Às vezes o advento parece prolongar-se. Parece perdurar muito, muito tempo, parece perdurar durante toda a minha vida.
Penso também que Maria é movida por uma extraordinária confiança.
Muito obrigada

Näo sei bem o português, desculpa.
Angelika

Maria José Rezende de Lacerda disse...

António. Este texto do Advento deveria ser lido por todo mundo. O Natal perdeu o significado cristão e deu lugar ao pagão, na figura do papai noel. As crianças não sabem que Jesus é o símbolo do Natal. A mídia traz cores, luzes e moda para dentro de nossas casas. Enfim, é a matéria sobressaindo-se ao espírito. "Corremos o risco de ter a nossa casa e o nosso coração tão cheio de embrulhos e luzes que o Menino não tem espaço para nascer!" Amei esta frase e ela diz tudo. Grande beijo.

anareis disse...

Estou fazendo uma Campanha de Natal para crianças necessitadas da minha comunidade carente aqui no Rio de janeiro,são crianças que não tem nada no Natal,as doações serão destinadas a compra de cestas básicas-roupas-calçados e brinquedos. Se cada um de nós doar-mos um pouquinho DEUS multiplicará em muitas crianças felizes. Se voce quiser ajudar é fácil,basta depositar qualquer quantia no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Voce verá como doar faz bem a Alma,obrigado. meu email asilvareis10@gmail.com

Isabel Maria Mota disse...

Bom dia António
Tenho a sorte de viver numa aldeia onde o Natal ainda é vivido sem pressas... Também há quem corra a decorar a casa ainda em Novembro... e também existe a concorrência entre o mais vistoso enfeite... mas penso que, fazendo parte de uma paróquia tão viva e que vive tanto, o nosso Natal tem outro tempo. E vejo, com alegria, que também as crianças começam a cansar-se de tantos apelos consumistas. É curioso ver como já ficam "chateados" com o excesso de anúncios no intervalo dos filmes e os ouço dizer;" tanta publicidade!!!" Este Advento temos mais uma pessoa nas nossas orações diárias e quando damos as mãos a nossa bebé também já entra no círculo familiar. Vejo nela a esperança do verdadeiro Natal. Um grande beijinho, Isabel Mota
Bom Advento para todos.

concha disse...

Olá!
Sinceramente muito obrigada por este excelente post.
Quando era miúda na minha inocência nesta altura tinha sempre uma latinha onde ia colocando diáriamente as renúncias escritas num papel...era um chocolate a menos,alguma atitude mais louvável com um dos meus irmãos, menos visitas ao espelho:) e outras coisas que já não recordo.Na altura não media bem o alcance de tudo isso.Hoje sei ou julgo saber que a renúncia educa no sentido do desapego e de uma maior disponibilidade de coração.Hoje há ainda muitas para fazer, já sem escrever o papel que depois era oferecido ao pé do Menino no presépio, mas na atenção a pelo menos um aspecto que gostaria de sentir melhorado em mim.É que se for mais radical poderei correr o risco de nada fazer.
Um bom tempo de Advento para o António e todos osque por aqui vão passando

 

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