Hoje é a festa da Ascensão. Quarenta dias depois da Ressurreição, Jesus subiu ao céu, para esta Presença que hoje vivemos enquanto cristãos. Começou assim o modo de nos relacionarmos com Ele. Não vou entrar tanto nas questões de como subiu ao céu, ou como é que os discípulos tiveram essa experiência, mas vou referir-me mais ao sentido que vejo que este acontecimento pode trazer nas nossas vidas.
Um Deus que assumiu inteiramente a nossa condição humana, em todas as dimensões de alegria, missão, amizade, sofrimento, incompreensão e morte, mostra-nos que a nossa Vida é algo tão precioso que nunca poderá acabar. Tudo o que somos é tão importante que continua para além das fronteiras do espaço e do tempo, com toda a energia de Amor que nos move de forma purificada, autêntica e plena.
A ascensão é o regresso transformado de Jesus, que nos deixa um desafio muito concreto. A partir de agora, a nossa Vida que é feita de carne e luz, poeira e mar, deve ser vivida toda inteira. O céu não se separa da terra, já que o Homem-Deus continua vivo e fala-nos de muitos modos. Por isso, não temos distinção entre tempos sagrados e profanos, relações que nos levem ao bem, ou nos levam ao mal. Somos desafiados a viver na claridade, e a experimentar o céu de que fazemos parte. Com a sua beleza e a sua exigência, mas nada que seja verdadeiramente precioso é um peso difícil de levar.
4 comentários:
Ando com muita dificuldade em manter essa presença nos dias, parece que tudo se compartimenta e a sensação não é boa, é como se houvesse momentos para os dias e momentos para Deus.
Deve ser da correria, do cansaço mas já não é bom que eu ande com essa consciência a sussurrar-me ao ouvido ... nada bom mesmo!
Um beijinho
Olá,
Quantos Homens-Deus existiram, existem e existirão?
Qual é o ser humano que não é Deus?
Não somos todos nós Homens-Deus, Mulheres-Deusas?
Até já,
Luís Carlos
Mlee, sinto também o mesmo, seria tão bom que cada dia pudéssemos ter a consciência de termos vivido momentos plenos. Mas dar-se conta disso é já um modo de mudar algo. Obrigado pelos comentários ;)
Luis Carlos, as suas perguntas dariam para uma grande discussão. Teríamos de ter primeiro definido o que é ser Deus que, segundo o percebo, é totalidade de amor e entrega. A nossa existência humana é todos os dias confrontada com o desejo de sermos assim e vemos todos os dias que ficámos aquém do que gostaríamos de ser, mais completos, mais coerentes, etc. Jesus foi o Homem-Deus na medida em que a sua vida humana foi a plenitude do amor, sem incoerencias, e na entrega total de si aos outros. Por isso é Deus.
Nós temos em Jesus um modelo que nos estimula a sermos mais como Ele, a sermos mais Deus. E acredito que somos também Homem-Deus e Mulher-Deusa na medida em que temos em nós o desejo e a energia para o ser e poder transformar em bem a nossa existência e a existência do mundo. O Espírito Santo que está em nós tambem nos santifica.
Já o somos, mas não completamente, eu não sou Amor completo e não conheci ninguém ainda que o fosse, mas fico contente por ter a responsabilidade e a vontade de o ser.
Obrigado e abraço
Pus-me a refletir sobre a pergunta acerca dos Homens-Deus. Lembrei-me do pensamento de L. Boff, reinterpretando Irineu de Lion: "tao humano assim soh poderia ser Deus". Eis a coisa mais simples, a liçao sabida de cor, mas que, talvez, nos resta ainda aprender. O segredo, parece-me, estah mesmo na inversao: Homens-Deus (à imagem) do Deus-devindo-Homem.
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