19 janeiro 2010

Partilha

O tempo vai passando, e todos os dias vou vendo com atenção as notícias sobre a tragédia no Haiti. Cada vez me impressiono mais e vejo que sou incapaz de dizer algo ou reagir. Há acontecimentos que apenas nos pedem silêncio e respeito, são demasiado grandes. Um silêncio que está por detrás e antes da oração e das acções de ajuda. Não é tempo de responder a perguntas e a porquês, que nem sequer se podem fazer. Porém, deixo três impressões, em estilo de partilha:

Que me custa estar longe de tudo isto, confortável, a fazer coisas diminutas, como encaminhar mails ou colaborar com alguma ajuda económica. É estranho que isto me toque como se fossem pessoas que conheço desde sempre. Ou talvez não seja tão estranho assim...

Que me comovo com o movimento de ajuda, a nível mundial, que se está a fazer. Tudo isto não nasce de uma solidariedade superficial, é algo que vem de mais profundo, uma urgência em não deixar o outro desamparado. O ser humano é capaz de superar-se a si mesmo, desaparecem as fronteiras e os obstáculos...

Que me surpreendo com a facilidade que tenho em me queixar de coisas pequenas. Como os momentos de sofrimento têm a sua importância e o seu peso, mas vou caindo na conta de que há queixas que só representam um mundo demasiado pequeno. Falta tanto agradecimento e simplicidade...

9 comentários:

A disse...

É mesmo...
E tal como tu dizes, é nestas alturas que me questiono porque me queixo eu de coisas que não têm importância nenhuma.

Grande beijinho Valério! :)

concha disse...

É verdade!Pensar no sofrimento de outros, ajuda-me a relativizar o meu.Há sempre alguém que se encontra em piores circunstâncias.
Eu passei pelo terramoto de Angra e mesmo se na altura foi difícil, não consigo imaginar o que estão a passar todas aquelas pessoas.Em Angra rápidamente as pessoas se organizaram mas ali há um vazio enorme porque falta o essencial.
Um abraço

Anónimo disse...

Que eu tenha a capacidade e a sensibilidade necessária para sentir as dores do Outro...

Dar mais um passo na atitude de Cuidar e Agradecer...

Transformar-me e transformar...

Gesto solidário
Isabel

Lídia disse...

Estar em sofrimento, sentir a dor do irmão inerente a nós mesmos é, talvez, a expressão máxima, do Amor de Deus.

Que a nossa corrente de oração, a união dos cristãos, conforte todo aquele país em sofrimento.
Um silêncio sofrido...

Beijinhos
Lídia

Maria José Rezende de Lacerda disse...

António. Passando aqui para desejar-lhe um final feliz de semana, agradecer-lhe sua presença no Arca e deixar-lhe o meu carinho e amizade. Beijos.

disse...

Concede-nos, Senhor, o espírito de fortaleza que sustente a nossa fé nos momentos de provação. É tão fácil vacilar perante a tragédia. É tão humano questionar Deus num cenário onde crianças soterradas gritam desesperadamente por um socorro que tarda...
Turbulências -e terramotos-, cuja intensidade os aparelhos não medem, ocorrem também dentro de nós... São necessárias? Talvez. Mas é preciso aquietá-las para que a vida aconteça.

Entro, regularmente, aqui em silêncio. E em silêncio saio mais tranquila e confiante. Bem haja, Pe Valério, pelas suas reflexões.

Um Santo Domingo!
Bjinho

Anónimo disse...

Muito Obrigada, P. Valério.
Continuação de profundas reflexões.
Com amizade.
Duarte

tchi disse...

Silêncio.

Abraço.

:) disse...

Belo texto. Dá muito o que pensar. Por vezes só pensamos em nós mesmos e esquecemo-nos do mundo a volta. parabens pelo blog

 

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