06 janeiro 2010

Bênção



Sugestão de Angelika

Lembro-me de os meus pais me contarem que nunca saiam de casa de manhã, para ir à escola, sem pedir a bênção aos meus avós. Parece hoje uma coisa distante, nunca me passou pela cabeça fazer o mesmo. Entretanto, este gesto de bênção ficou reservado para ocasiões especiais dentro da Igreja, feita pelo diácono ou sacerdote. De todos os modos, num caso ou noutro, a bênção consiste em transmitir algo de parte de Deus, que é o Bem que Deus faz no mundo e nas pessoas. Pode ser entendido como a afirmação de que a força de Deus acompanha, e faz-se desejo disso.

É importante distinguir várias coisas quando se fala de bênção.

Cada cristão é capaz de abençoar, bendizer. Através do Baptismo, recebemos o Espírito Santo e nas palavras e nos gestos de bênção queremos comunicar a predilecção de Deus, e nossa também, por uma pessoa. Bendizer é dizer-bem, em palavras e gestos. Queremos transmitir a presença e o amor de Deus, através do Espírito que está em nós, a quem amamos. É um cuidado espiritual pelos outros que nos faria bem ter mais presente. Cada vez que dizemos ou fazemos bem a alguém, poderíamos ter a consciência que estamos a abençoar e que o amor de Deus chega à outra pessoa.

O outro aspecto da bênção é, digamos assim, mais "oficial", feita por quem é ordenado no ministério da Igreja, diáconos, padres e bispos. Quem é ordenado recebe o Espírito santo através da imposição das mãos. Este gesto vem já desde o início do cristianismo em que os Apóstolos impunham as mãos aos que ficavam à frente das várias comunidades cristãs que nasciam. Este gesto, repetido continuamente ao longo da história e das várias gerações, garante a chamada Sucessão Apostólica, isto é, quem é hoje ordenado, participa desta cadeia que começa com os Apóstolos, através do gesto da imposição das mãos.

Este pormenor ajuda a situar o tema da bênção por parte de quem é ordenado. A bênção não é um ritual de magia, mas sim a comunicação do Amor de Deus aos outros. Na bênção de um sacerdote transmite-se à pessoa a herança espiritual da Igreja, e os dons do Espírito Santo que a pessoa tem mais necessidade.

Sabemos que, além da bênção às pessoas, também se podem abençoar objectos, sejam eles os de devoção (imagens, rosários), casas, carros, as fitas no fim do curso, e até animais. Mas a bênção é sempre dirigida às pessoas, não às coisas. Abençoar objectos significa que, através deles, a vida do cristão é santificada em todas as suas dimensões. Porque não somos apenas espírito, mas sim carne, é através do nosso quotidiano que se realiza o bem que fazemos no mundo e aos outros. Estas bênçãos apenas nos ajudam a cair na conta da importância do uso das coisas para a nossa santificação e sustento, em louvor e agradecimento.

A bênção e o gesto de bênção podem ser, por isso, um movimento espiritual que nasce da própria fé e que se entrega gratuitamente e amorosamente às pessoas e situações que são importantes para nós. O gesto de abençoar não pode estar desligado daquilo que somos e queremos. Viver numa atitude de bênção é olhar positivamente para todas as coisas e realizar em tudo o Bem que Deus, através de nós, quer fazer presente.

4 comentários:

concha disse...

Que Deus o abençoe sempre e também a todos os que por aqui passam

Carl@ Mesquita disse...

Feliz Ano Amigo=)
saudadxxx

Carl@ Mesquita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Olá Antonio!
Gênesis 12,2: "... Ein Segen sollst du sein!"
O Blog Cidade Eterna é uma bênção.
Dass wir alle ein Segen/uma bênção seien!
Muito obrigada et feliz ano novo.
Angelika

 

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