21 abril 2007

Sopro leve


Memórias de casa. No terraço de minha casa, em pleno coração da Beira Baixa. Um dia de muito calor, mesmo à sombra, em que se espera o momento da primeira brisa. Que vem tarde, quando desapareceram os rumores da estrada.

Aparece para quem esteja à espera, como quem sai de casa e sente o vento a acariciar os cabelos. É uma brisa suave e quente, que traz ainda o calor das pedras e os cheiros dos campos depois do pôr do sol.

O corpo não precisa de mais nada naquela altura, senão deixar-se levar no encanto deste mistério. Porque a alma se fez mais transparente e resolveu explicar ao corpo o que significa ser acariciado e levado nas mãos, por uma Vida tão mais absoluta.

Hoje um companheiro disse-me no corredor de casa, que acordou muito mal disposto. E que lhe bastou um minuto a meio da manhã, e disse: salva-me!. De repente, vi-me ali, no terraço de minha casa, à noite, no coração da Beira Baixa.

1 comentários:

Tiago Madeira disse...

Um grito que muitas vezes pode demorar mais do que um minuto e meio, se a falta de coragem e esperança dominarem a nossa alma. Ajuda-me! Salva-me! Custa a dizer, custa a aceitar que somos assim, fracos...
Mas liberta.
Abraço

 

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