31 janeiro 2008

Como vejo o mundo

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Quando se cumpre qualquer coisa prometida, vem um momento de descanso e consolação, por ter feito bem o que devia ser feito... e fica-se cheio de vontade de continuar. As etapas acabadas são sempre mais parecidas com caminhos começados.

E são momentos privilegiados de ganhar distância, subir através das memórias e olhar para o que foi acontecendo... e acrescentam-se pontos, melhoram-se cores que deviam ter lá estado, ou maravilha-se com o que foi verdadeiramente surpreendente.

Um olhar desde cima para um mundo desejado e conseguido é motivo de uma esperança grande, subi mais alto na minha montanha e tornei-me mais capaz de saber do que sou feito e para onde me encaminho.

29 janeiro 2008

Enquanto espero o sol

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Gosto de ver as árvores despidas no Inverno... não sei porquê, sinto que são imagem de qualquer coisa de solitário que sempre me acompanha, e com a qual não é possível deixar de viver.

Porque se a coisa de que mais temos medo é de ficar sós, também é verdade que não há experiência mais completa que aquela de viver uma solidão preenchida. E há tantos modos de fugir a nós mesmos, enchendo agendas de compromissos mais ou menos úteis, ou procurando relações que acabam por nos dispersar.

Um coração que sabe habitar a sua solidão como espaço de encontro feliz, não se perturba se tiver dias em que não acontece nada de espacial... porque saboreia uma amizade contínua. E depois, o que acontece no mundo das amizades parte de algo feliz, porque os amigos não servem para preencher os espaços que me pertencem. Pelo contrário, são as paisagens que me acompanham e me enchem de beleza, enquanto estou ao sol...

28 janeiro 2008

Criatividade

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O tempo de exames é especial. Porque é aquele em que, à partida, se sabe como vão ser os dias... muitas horas no mesmo sítio, a fazer a mesma coisa, em vista a resolver um problema mais ou menos aflitivo... =P

O que mais gosto no tempo de exames é o facto de quase não ter horários e poder organizar o tempo como me der mais jeito... o melhor seria organizá-lo como me der mais gosto.

Procurar tempos de uma paragem completa e fazer coisas pequenas novas, e às vezes surreais, um momento de paragem das coisas sérias e deixar falar impulsos de cor e sons que me façam voltar maior.

Podemos desperdiçar tanto tempo com descansos que nos cansam por dentro... devemos dar-nos conta que há uma criatividade própria do coração... e é preciso silêncio para o deixar voar livremente.

Boa sorte! =)

26 janeiro 2008

Pensar em cores

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Azul de céu e mar, e se fossem as árvores? Amarelo... é o sol, ou a minha lua escondida... As minhas memórias poderiam ser escritas num filme que foi um sonho.

Bastaria mostrar coisas conhecidas... não sei! às vezes não as encontro... e se abro a caixa das surpresas, estão lá. A minha vida é uma novidade, queria dizê-la em sons, mas não se ouvem por causa das buzinas dos automóveis... ou se falar numa paisagem deserta, os pássaros estão ocupados demais para a ouvir.

Trago uma cor para Ti... que a levas na tua mão e deixas pousada no centro da mesa, como uma fotografia... e assim podes olhar, uma cor minha que passa a ser tua...

E fica outra cor? Talvez sim, imagino que multiplicada por mil milhões de vezes, tantas quantas as possibilidades que Tu encontras de colorir o nosso mundo.


25 janeiro 2008

A minha pergunta

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Antes do fim de semana, um exercício...



Que pergunta me faria a mim mesmo, um porquê de determinada coisa... para não ficar a meio caminho =)

24 janeiro 2008

Força de vontade

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Há dias em que apetecia mesmo que os pequenos passos do dia-a-dia, quando queremos atingir algum objectivo médio ou longo prazo, acabassem e pudéssemos dizer que já chegámos onde queríamos.

Mas o facto é que vemos caminho percorrido, mas parece pouco e não saímos do mesmo. Às vezes até parece que andamos para trás! Fica-se numa espécie de dia adormecido em que nem as coisas mínimas se conseguiram fazer. Sobretudo em tempo de exames, em que, por mais que pense, não s se sabe como passou o tempo.

Ou por exemplo, quem deixe de fumar e não deixa de ter vontade, ou quem faz um propósito de todos os dias ter um tempo para fazer qualquer coisa e não fez. Talvez seja sempre um grito de perfeccionismo, ou uma chamada de atenção a que apenas as nossas forças não são suficientes...

Onde está a força que dá a vontade? É que já a encontrei há tempos atrás... e era uma espécie de luta contra todas as tempestades, uma certeza levada no peito e pensar que era invencível. Porque era uma força dada e não conseguida... e afinal sempre esteve lá...

23 janeiro 2008

Juízo

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Quem é mau? Cada um de nós poderia fazer uma lista de pessoas que considera más, ou porque se conhece o mal que fazem, e vem divulgado na história ou nos jornais, ou as pessoas que nos fizeram mal e nos magoaram.

Mas fazemos uma confusão de duas coisas que raramente nos damos conta. Uma coisa é conhecer e julgar um comportamento mau, feito a alguém ou a nós próprios. E isso é legítimo e natural. E tal comportamento terá de ser corrigido e, se for o caso, penalizado.

Mas outra é julgar que uma pessoa seja má por ter feito determinadas coisas, mesmo que sejam abomináveis. Porque não conhecemos a sua consciência. Em rigor, a única pessoa de quem podemos ter a certeza de ter um coração mau, somos nós próprios. Eu sou o único que sei que o mal que fiz foi de propósito para magoar alguém. E não o posso afirmar com certeza absoluta sobre mais ninguém.

E se, reconhecendo o mal que faço, espero o perdão de Deus, então posso também esperar que Deus possa perdoar quem também se reconhece pecador. E julgo segundo uma medida de perdão baseada na esperança, não deixando de ser verdadeiro. É legitimo julgar as acções e o mal que trazem ao mundo, mas não tenho o direito de não acreditar que o Amor de Deus é para todos. Isto mudaria muitas coisas nas nossas relações...

21 janeiro 2008

O que basta

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Posso chegar a pensar: Passamos a vida entre perdas e presentes? Ou entre derrotas e conquistas? Uma coisa é aquilo que me é dado e aquilo que me é tirado. E outra é aquilo de que eu desisto e aquilo que venço com as minhas forças. Talvez o maior dilema seja este de nunca completar os meus espaços vazios, e ir percebendo que o que vou conquistando acaba por ser temporário, porque ou o deito a perder, ou algo ou alguém mo tira. E aquilo que me é oferecido às vezes nem o percebo, ou então acho que é algo que mereço... e deixa de ser surpresa.

Não quero acreditar que a Vida seja uma espécie de sucessão de dias melhores e piores. Porque o que é essencial no meu corpo é igual todos os dias, o coração bate igual e os pulmões enchem-se de ar. O que é diferente em mim são as luzes e as sombras da alma... que às vezes é só luz e às vezes é só sombra. Ou uma toalha branca às bolinhas pretas, e vice-versa...

Se o meu corpo é também a minha alma, tenho coisas iguais todos os dias. Nem que seja só uma. E essa é toda luz, é um coração que bate desde fora, é um sopro que vem desde sempre. É uma Presença que está e me faz... e isso basta.

20 janeiro 2008

As marcas deixadas

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A nossa história deixa marcas na nossa Vida, e fazemos com elas um álbum de fotografias coloridas que desejaríamos nunca deixar de olhar. Como se o que lá está nunca devesse ter passado... e há marcas na nossa vida que são fotografias rasgadas e deitadas fora e que nos acompanham como cortes de alma e pele às vezes difíceis de curar.

Sempre podemos fazer das memórias um museu, e olhamos para elas através da vitrina, onde se vai acumulando o pó de me convencer a mim mesmo que tudo passou e nada tem nada a ver comigo.

Não é assim.

As marcas da minha história, levo-as comigo. E se eu pudesse agarrar o esquecido e levá-lo de novo à luz do sol? Porque só vejo o sol que brilha hoje, e é a sua luz e o seu calor que decidem o que hoje vivo e sou. E trazer à luz é amar e entregar... as coisas passadas estão aqui, mas já não as posso ver com a luz do sol que se pôs há tanto tempo atrás...

19 janeiro 2008

União

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Hoje vivi uma das experiências mais profundas de união de espíritos e de corações, em que é palpável esta possibilidade de perceber o quanto Deus age.

Às 8.00h da manhã, participei no coro que animou a Missa que antecedeu a Eleição do novo Geral dos Jesuítas. Uma imagem que me ficou...

A do silêncio e das faces dos mais de duzentos padres que ali estavam... como se estivessem em diálogo contínuo com Deus, em concentração de espírito e na contemplação do transcendente. De querer acertar com o melhor para a vida da Companhia de Jesus. Como se estivessem todos juntos num mundo ao qual eu assistia de fora, apesar de partilhar o mesmo espaço...

E percebi, sentindo e ouvindo este silêncio, que tudo estava nas mãos de Deus... e é uma consolação e uma segurança enorme. Tive a certeza que Ele estava presente e real, único nos desejos humanos e em tantos horizontes de diferentes raças e culturas!


PS: E ainda nessa manhã, foi eleito o P. Adolfo Nicolás como o Superior Geral dos Jesuítas. Rezamos por ele!

17 janeiro 2008

Os modos de ler

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Muitas vezes ainda ouço uma pergunta que me foi feita, enquanto noviço, quando fiz uma visita ao Colégio S. João de Brito em Lisboa, para falar da vocação de jesuíta: "Dizes que Deus te foi dando sinais, mas que tipo de sinais são esses, como é que Deus fala?"

E hoje ainda teria dificuldade em responder sem ser de forma abstracta, - como me parece que foi no momento - , que Deus fala através do que vou desejando para a vida como horizonte mais completo, onde me sinta livre e total num espaço onde me encontro, ou através de pessoas e experiências, pequenos momentos em que as coisas começavam a fazer sentido e a apontar numa direcção.

Hoje percebo que Deus continua a falar em várias línguas, às vezes difíceis de perceber, porque são palavras grandes de mais para os meus ouvidos, ou porque são silêncios que me deixam parado nas perguntas. Às vezes é mesmo uma luta entre a pressa e a paciência, entre o sonho ideal do que eu deveria ser e a realidade de ser frágil todos os dias e ter de viver com isso sem me resignar.

Importa continuar, porque Deus é uma Palavra que não pára de se dizer, tão genialmente criativa que só em momentos de espaço em branco posso deixar escrever linhas e letras nas cores mais inesperadas.

16 janeiro 2008

Uma pequena poesia

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Esta música tem-me acompanhado muito nos últimos tempos, deixo o vídeo e a letra com a tradução.

Porque sinto uma certeza enorme que o melhor está sempre para vir, e isso não é indiferente ao modo como olho a Vida. =)



Una poesia anche per te - Elisa.


Forse non sai quel che darei perché tu sia felice
(Talvez não saibas o que eu daria para que tu sejas feliz)
Piangi lacrime di aria
(Choras lágrimas de ar)
Lacrime invisibili che solamente gli angeli san portar via
(Lágrimas invisíveis Que somente os anjos sabem levar para longe)
Ma cambierà stagione, ci saranno nuove rose
(Mas a estação mudará, existirão novas rosas)

E ci sarà dentro te e al di là dell’orizzonte
( E haverá dentro de ti e mais além do horizonte)
una piccola poesia
(Uma pequena poesia)
Ci sarà forse esiste già al di là dell’orizzonte
Haverá, talvez já exista mais além do horizonte)
una poesia anche per te
(Uma poesia também para ti)

Vorrei rinascere per te
(Quereria renascer para ti)
e ricominciare insieme come se non sentissi più dolore
(e recomeçar juntos, como se não sentisse mais dor)
ma tu hai tessuto sogni di cristallo troppo coraggiosi e fragili
(mas tu teceste sonhos de cristal demasiado corajosos e frágeis)
per morire adesso solo per un rimpianto
(para morrer agora só porque te arrependeste)

E ci sarà dentro te e al di là dell’orizzonte
( E haverá dentro de ti e mais além do horizonte)
una piccola poesia
(Uma pequena poesia)
Ci sarà forse esiste già al di là dell’orizzonte
(Haverá, talvez já exista mais além do horizonte)
una poesia anche per te
(Uma poesia também para ti)

Perdona e dimenticherai
(Perdoa e esquecerás)
per quanto possa fare male in fondo sai che sei ancora qui
(por mais que doa, no fundo sabes que ainda estás aqui)
e dare tutto e dare tanto quanto il tempo in cui il tuo segno rimarrà
(e dar tudo e dar tanto quanto o tempo em que o teu sinal permanecerá)
questo nodo lo sciolga il sole come sa fare con la neve
(que este nó o dissolva o sol como sabe fazer com a neve)

E ci sarà dentro te e al di là dell’orizzonte
(E haverá dentro de ti e mais além do horizonte)
una piccola poesia
(Uma pequena poesia)
Ci sarà forse esiste già al di là dell’orizzonte
(Haverá, talvez já exista mais além do horizonte)
una poesia anche per te
(Uma poesia também para ti)
per te (para ti)






15 janeiro 2008

As minhas certezas

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Se um dia me sentisse totalmente perdido, ficaria com medo... Mas de quê? Creio que seria sobretudo medo de desaparecer sem ninguém ver. Qualquer companhia, mesmo estranha, saberia a algum tipo de conforto. Mesmo que houvesse perigo. Temos um medo enorme de ficarmos completamente entregues a nós próprios. Medo de nós?

Se muitas vezes não temos certeza de nada na Vida, pelo menos há certeza do que gostaríamos que não acontecesse... ser inútil, não ter espaço no mundo, um número perdido nas contas de alguém.

E não nos damos conta que o próprio facto de viver não é indiferente ao mundo. O que faço e projecto implica mudanças, grandes ou pequenas, gero movimento com o meu respiro e o meu desejo. Tenho a certeza na imensa capacidade escondida na força do Amor que temos para dar. E acredito firmemente que somos capazes de não ser banais. Cada gesto nosso tem a nossa marca, e com ela a possibilidade de criar um mundo segundo uma cor própria e única.

14 janeiro 2008

Viver o tempo

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Ontem li uma frase que me fez pensar e que veio mesmo a calhar para o momento presente. É de um santo, chamado Ireneu, que viveu no século II e diz assim: "O tempo permite ao homem habituar-se a receber Deus e permite a Deus habituar-se a habitar no homem".

Criar hábitos tem sido um dos maiores desafios que tenho sentido. Ter hábitos não é o mesmo que viver na rotina. Acho que tem mais a ver com rituais dos quais não podemos prescindir, para estarmos o mais possível diante da nossa verdade.

Um bom hábito, que nos construa, mesmo que seja algo pequeno, mas perseverante, acaba por marcar um modo de estar e de ser na Vida. O pior é quando sabemos o que queremos, mas o dia-a-dia nos distrai com coisas bonitas mas que nos deixam vazios. Há dias em que me faltou dizer "Estou aqui".

Ao ler esta frase percebi que Deus tem também um modo e um tempo de se habituar a mim, muito diferente do meu. É muito mais paciente, ama muito mais, acredita na parte de mim que me supera e que me faz ser Bem. Talvez um hábito para os próximos tempos seja a minha paciência e o estar onde devo estar, por um momento pequeno aos meus olhos, mas gigante no espaço-tempo da eternidade.

12 janeiro 2008

O que precisamos

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Já nos demos verdadeiramente conta de como temos tanto a agradecer? A nossa Vida é um caminho tantas vezes feito de coisas comuns e rotinas conhecidas. É um caminho por dentro do deserto, escondido e misterioso, até para nós próprios.

A nossa noite tem tanto de fascínio como de medo. E sinto este desejo irresistível de voar abandonado até ao fim, para ver o que acontece. E como desejaria que tantas coisas fossem diferentes e não me sentisse cansado quando acordo. Falta fazer poesia e música dos meus gestos e dos meus olhares. Pôr ordem às minhas palavras e aos meus sons, para que tudo isto não parecesse abstracto ou incompreensível.

Se fosse capaz de estar no mais alto de mim e ouvir cada nota da existência como se enchesse o mundo de luz e levasse para longe sons confusos que me distraem e não me deixam estar diante de algo único e só meu. Aquilo que preenche em cada dia, um sentimento feito de rosas amarelas que decoram o meu espaço e me façam perceber que cheguei a casa. E ficaria ali agradecido...

11 janeiro 2008

Entrego

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Hoje proponho um pequeno exercício de oração. Ao som deste cântico de Taizé, entregar a Deus o meu espírito. In manus tuas Pater commendo spiritum meum - Nas tuas mãos, Pai, entrego o meu espírito.

Sabendo que o Espírito é a minha vida profunda, onde se jogam as minhas alegrias e tristezas, os meus sonhos e desilusões, os meus medos e as minhas esperanças. Que tudo faça parte de um mesmo movimento de entrega, a Quem sabe amar como eu gostaria.

Se cada dia fizéssemos uma oferta assim do que somos e do que fazemos, poderíamos sem dúvida viver a partir do que é mais eterno em nós: o dom de dar a Vida para a fazer mais plena, em mim, nos outros e no mundo.

10 In Manus Tuas, ...

10 janeiro 2008

Segundo a nossa medida

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Podemos tantas vezes ter um olhar deslocado acerca das pessoas que conhecemos e das situações que nos acontecem. O nosso olhar tem uma tendência enorme a ficar condicionado pela nossa história e pelas nossas experiências. É também normal que assim seja...

Mas acho mesmo que olhar a partir do conhecido é pobre. E uma vezes somos ingénuos e não percebemos o que está a acontecer, e outras somos de tal maneira condicionados que pintamos de vermelho aquilo que é azul. É que nós somos marcados por uma tão maior originalidade!

Há um olhar de beleza e alegria que tem consciência do que vê. Não significa deixar passar as coisas que não estão bem, mas não as aceita como estados definitivos. E alegra-se com as coisas boas da Vida, mas também não as aceita como estados definitivos.

A medida do meu olhar é aquela que, no fundo, tenho em relação a mim mesmo. Porque olho sendo olhado, sei que posso amar porque sou amado. A minha medida vê mais do que o imediato, e posso salvar aquilo que aparece como inevitavelmente perdido, apenas por existir, no meio de tudo, o sinal mais pequeno de esperança.

09 janeiro 2008

O Bem de Todos

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Esta manhã, numa aula, ouvi algo que me surpreendeu. Que o facto de eu existir e agir mexe com todos os homens. De modo mais directo com os meus pais, as pessoas amigas e conhecidas, as que marcaram o meu caminho. Indirectamente, de tantas formas possíveis: computador made in USA, sapatos made in Italia, incenso indiano, camisola made in China... Além das pessoas que encontro nas lojas, o motorista do autocarro, quem já rezou à frente da mesma imagem na Igreja onde costumo ir...

E cada uma destas pessoas tem um outro mundo relacionado com elas. A comunhão ou fraternidade entre os seres humanos, para o bem e para o mal, é muito mais real do que supomos.

Todo o bem que faço não é apenas imediato e visível. Crio algo que é muito mais parecido como um Bem Universal, uma construção de algo positivo na vida de quem não conheço. Do mesmo modo, o mal que faço ou o bem que deixo de fazer rompe qualquer coisa e alguém, directa ou indirectamente sofre com o que eu deixei de fazer ou destruí.

Talvez seja muito importante acreditar cada vez mais no nosso poder de fazer o Bem e evitar o Mal. Não é uma espécie de favores em cadeia, é algo que tem a ver com as nossas decisões e gestos mais quotidianos.

08 janeiro 2008

Humanidade

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Hoje pensava nos exemplos que tive na vida de pessoas completas. Mesmo que não fossem, necessariamente, pessoas espirituais ou que me falassem de Deus. Muitas delas, sim.

Há exemplos de humanidade que está de pé, que convence e faz acreditar nas possibilidades que temos. O maior sinal da presença de Deus entre nós passa também e sobretudo por aquilo que vivemos cada dia. Caso contrário, estaríamos a nível de uma religião de ocasião ou um conjunto de coisas que acreditamos sem estarmos muito convencidos disso, até porque tantas vezes fazemos coisas tão diferentes daquelas que dizemos.

Os exemplos de pessoas que me convencem são aqueles em que a palavra é a mesma que o gesto. Porque talvez digam em si mesmas aquilo que de grandioso têm, acreditam firmemente nisso sem fazer disso uma conquista. São as que sabem o quanto a fragilidade é o nosso caminho mais real e não têm medo disso. E por isso a fragilidade é tão bonita neles... porque são os primeiros a encontrá-la como o fundo amoroso de si mesmos.

07 janeiro 2008

Congregação Geral 35

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A Companhia de Jesus vive, desde hoje, um dos momentos importantes da sua história. Começou, com a celebração da Missa, esta manhã, na Igreja do Gesù em Roma, a 35ª Congregação Geral, uma assembleia de jesuítas representantes de todos os países do mundo, na qual será eleito um novo superior geral e se elaborarão uma série de documentos de orientação para a Companhia para os próximos anos.

É um privilégio estar nesta Cidade e poder participar nestes acontecimentos. É uma verdadeira experiência de universalidade e de corpo. Viver uma vocação religiosa com companheiros dos cinco continentes, que falam uma mesma linguagem e se percebem para além de todas as diferenças de língua e de cultura.

São momentos em que se percebe realmente que são muito mais profundas as fontes da união do que aquilo que separa gerações, modos de estar e perceber o mundo. Vive-se um espírito que faz acreditar que é possível viver à busca comum de uma situação mais completa para todos.

Peço a oração por esta Congregação. O que daqui sair tocará a vida de muitas pessoas que contactam com a Companhia e vivem com ela o seu modo de ser Igreja.


PS: Para seguir o desenvolvimento da Congregação Geral, ver fotografias, etc, podem ver aqui.

06 janeiro 2008

Tranquilidade

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Perante os desafios podemos ter várias atitudes. Energia e decisão, para conseguir aquilo a que nos comprometemos; Preguiça e deixar-para-depois, porque as mudanças desinstalam; medo, porque não sabemos o que vai acontecer.

Há um desafio que tem a ver com uma viagem interior. Um querer aprofundar mais a minha própria autenticidade. E tenho energia para isso, porque é importante melhorar sempre mais. E tenho preguiça, porque queria estar já num estado definitivo-acabado de perfeição. E tenho medo porque ir ao fundo de mim mesmo é um passeio por lugares escuros.

O horizonte transforma a decisão em passos que não têm nada de ingénuo. Vale a pena ir cada vez mais fundo, para ser cada vez mais perfeito. Talvez a dor maior que se encontra seja precisamente aquela de se sentir perdoado e amado apesar de tudo. Só uma luz divina é capaz de ser tão forte a ponto de destruir fantasmas e rochedos ancorados. E caminho tranquilo até que ela brilhe...

04 janeiro 2008

Estar presente

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Não há soluções imediatas para conseguir aquilo que mais queremos profundamente. Sentimos tantas vezes que, de um dia para o outro, poderíamos mudar aquilo que gostaríamos.Mas tantas vezes temos hábitos escondidos e estamos dependentes do que se espera de nós.

E muitas vezes, o que queremos implica mudanças nos corações que vemos à nossa volta.

Há uma ciência que se vive no coração, que busca a paz e momentos de encontro com o desejo e a vontade. Que não acontece de um dia para o outro, mas num dia a seguir a outro dia. Um mundo de possibilidades que se abre em cada nascer do sol, feito de entrega e com passos que querem acertar cada vez mais. Pequenos passos, os possíveis, aqueles que nascem de uma profundidade amada que sabe sempre o que quer.

A paciência é um segredo que se revela em todos os nossos presentes. Fazer do presente o maior presente para o mundo, para nós, para quem amamos. Se fosse este o caminho a percorrer durante este ano, já seria algo verdadeiramente maravilhoso.

03 janeiro 2008

Na distância

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Olho no mais alto de mim para ver o fim de todas as coisas. No cimo de uma nuvem que me transporta nas memórias feitas desde os tempos antigos, em que eu era palavra e desejo.

E construi-me em pétalas de mal-me-quer, escolhidas por um quase-acaso com uma resposta de sim e de entrega. Fiquei sozinho entre o caminho e o horizonte. Mais presente que nunca na minha verdade. Não desisti de fazer de cada dia uma casa completa, cheia de flores e cores bonitas.

No momento do silêncio chego ao mais alto de mim mesmo. Soa a felicidade, um oco eterno cheio de música, um tapete de cores que voa até ao outro lado do mar.

Se apenas por um momento ouvisse aquela voz que me faz falta, tudo seria dourado, o mundo seria sempre o meu sol. E espero enquanto não a escuto...
 

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