29 abril 2010

Finalmente!


Fui ontem entregar a minha tese na Faculdade, fechando três meses de trabalho mais intenso, com a recompensa de ter conseguido terminar a tempo e fazendo algo que me deu gosto, intelectual e pessoal! Para quem seja curioso, o tema sobre o qual escrevi tem a ver com o diálogo entre a fé e a Teologia e o nosso contexto cultural actual. A especialidade que estou a tirar, Teologia Fundamental, dedica-se a estes temas. 

O ponto central do meu estudo foi fazer uma descrição daquilo que as pessoas hoje vivem no dia-a-dia, encontrando os espaços onde cada um, na sua história pessoal, pode vir a pôr a questão de Deus, ou se existe algo para além desta vida e dos seus problemas que possa dar uma resposta e uma orientação à própria vida. Sendo assim, peguei nas duas etapas iniciais dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio (Principio e Fundamento e Primeira Semana) e procurei pôr em relação a proposta de Santo Inácio, e as graças espirituais que ele propõe, com os desafios que este percurso pode colocar ao discurso da fé e da Igreja para despertar e promover a disposição interior para a fé.

No Princípio e Fundamento, reflecti sobretudo sobre o modo como olhamos a nossa vida, como nos definimos, o que é a plenitude; o modo como olhamos o mundo e a nossa relação com as coisas que estão à nossa volta; e depois, neste relacionar-se com as coisas, o que significa ser livre. Como me vejo e o que quero da minha vida? Como vejo o mundo, a história e os outros? Que relação de liberdade tenho com as coisas? São as três perguntas a que procurei responder.

Na Primeira Semana, tratei da questão dos nossos limites, da nossa falta de liberdade, das desilusões e do sofrimento. Como estamos metidos num mundo onde há mal, pecado, injustiça e morte. A grande questão é assumirmos a nossa verdade de sermos frágeis e tantas vezes incoerentes com o que sabemos ser o melhor para as nossas vidas. E descobrimos que aquilo que nos restitui a vida e a liberdade é o facto que temos alguém, Jesus, que continua a acreditar em nós, nos perdoa, que é capaz de chegar ao ponto de morrer por nós.

No fundo, o que mais me ficou deste trabalho é que a fé é uma questão de reconhecer uma fronteira que somos chamados a passar sempre e todos os dias: a de viver apaixonados. Não acreditamos só com a cabeça e com aquilo que dizemos, acredita-se porque é algo natural a quem ama. 

Claro que o discurso não é assim tão simples, este resumo é uma tradução das ideias principais, para que se possa perceber. O bom resultado do trabalho intelectual é que se possa aplicar à vida concreta, nisto espero ter atingido o meu objectivo. Logo verei os frutos :)


14 comentários:

Gisele Resende disse...

Antônio,

Parabéns. Gostei muito de ler esse seu post e fico muito feliz com a sua realização.Principalmente, quando nos diz :"...a de viver apaixonados..." somente quando estamos apaixonados, pela vida, é que nos encontramos na profundidade em acreditar,

obrigada pela partilha,

abraços fraternos,

Gisele

laureana silva disse...

Parabéns padre António, um boa nota.E obrigada pela partilha.
Maria

erute disse...

Paranéns!
Pareceu-me bastante interessante :)!

Natália disse...

Parabéns!!!
Gostei da maneira como apresentas a fé, não é só uma questão racional, mas de coração... Obrigada!
Continuação de bom tempo pascal.

Isabel Maria Mota disse...

Parabéns António
Muita luz para ti e obrigada por mais este momento de partilha.
Um abraço cheio de paz, isabel mota

concha disse...

Olá António
Foi mais uma vez muito bom vir aqui.Nunca sei muito bem se tenho fé, mas sei que quando estou de bem com o mundo,fico feliz e consigo concretizações que por vezes me pareceriam quase impossiveis.É claro que Deus está nitídamente ali,mas nunca por muito tempo, porque de repente surge a dúvida e por vezes até a descrença.
Parabéns pelo trabalho concluído e pelo tema desenvolvido.Espero que abra mais o véu desse trabalho,porque é sempre um tema que interessa.
Um abraço na Paz

Anónimo disse...

Olá

Parabéns pelo trabalho concluído.

Independentemente do resultado da tese, gostaria que dizer que quando comecei a ler o seu blogue, fiquei fascinada, pois são reflexões que nos tocam. Nós que andamos na lufa, lufa do dia- a-dia, e que perdemos por vezes a noção do que é essencial, esquecendo que temos que partir com Jesus para o nosso pequeno mundo, e do nosso pequeno mundo para Jesus.
Parando aqui, nesta cidade eterna,
a minha ligação com Jesus passou a ser diferente. obrigada ...

MARta disse...

Que bom António!

Parabéns!

muitos beijinhos

Rosa disse...

Olá P.António
Ficamos felizes por constatar que esse seu trabalho lhe correu bem.

Muito interessante as várias questões reflectidas.
Só posso desejar que os "frutos" sejam abundantes, pois são merecidos.

António, tenha uma noite abençoada e amanhã um bom Domingo.
Beijos

Rita Casqueiro disse...

Parabéns!!!
Gostei muito de ler este seu post!
Tenho a certeza que de si virão muitos e bons frutos!!!
Bj amigo da
Rita

António Valério,sj disse...

Muito obrigado pelas felicitações! Espero que agora os frutos do trabalho rendam e sejam postos ao serviço ;)

disse...

Olá Pe Valério
São muito bons estes momentos. Quando se chega, o peso da caminhada desaparece como que por magia. Permita-me que, também eu, partilhe consigo essa alegria!

O tempo em que vivemos é complexo e exigente. A todos desafia. A Igreja tem que acordar para o mundo. Não pode, como é evidente, desviar-se dos seus princípios fundadores -Jesus e a Sua história-mas tem que ajustar a linguagem aos interlocutores do presente. Perde o pé se não o fizer bem e rapidamente.

O trabalho que está a desenvolver dará fruto, Padre. Disso não tenho dúvidas.

Que Deus sempre permita que O sinta junto de si!

Bjinho

João disse...

Parabens e muitas felicidades para o seu ministério!

A Fá chama a atenção para um aspecto muito importante que é o da preparação dos sacerdotes para a evangelização no nosso tempo. Os jesuítas são uma excepção. Perceberam o caminho e ainda bem. Só que nem todos temos acesso a eles... Sem querer estou a derivar do assunto que me trouxe aqui.

João Freitas

António Valério,sj disse...

Olá João e obrigado pelo comentário! É essencial no progresso e missão da Igreja ter Padres bem formados e sobretudo santos, independentemente de serem jesuítas ou não :) Mas o seu comentário responde a uma exigência que o povo de Deus tem em relação aos padres e tem de se levar a sério... obrigado!

Não somos assim tantos jesuítas em Portugal, e não se chega a todo o lado.. felizmente que noutros sítios, outros sacerdotes e religiosos têm a capacidade de fazer uma evangelização com nível e q ajude as pessoas...
Menos mal que agora com as novas tecnologias podemos estar mais em contacto e conhecendo outros modos de estar...

Um abraço!

 

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