10 dezembro 2010

Profundidade


Há tempo para pararmos tudo aquilo que fazemos e encontrar o espaço que nos faça viver algo semelhante ao nada. Vivemos não só entre imensos compromissos e ritmos exteriores, mas também - e sobretudo - envolvidos numa quantidade impressionante de ocupações e pre-ocupações da alma. Se, por um lado, é importante acompanhar com atenção o que nos acontece, acabamos muitas vezes por sermos arrastados pela corrente dos nossos pensamentos. 

E até pode acontecer que, pensando muito, acabamos por não pensar nada que valha a pena, algo que nos traga alguma luz mais concreta.

A sabedoria oriental tende para um aniquilamento da reflexão e do pensamento, para alcançar estados de silêncio interior. Todo esse esforço pode correr o risco de ser simplesmente um não estar presente na vida, o esforçar-se por sair dela. Quando, o mais importante do silêncio interior é, precisamente, entrar no ritmo da vida como o seu batimento mais profundo. O perceber onde estou completo, onde vivo em sintonia com tudo. Onde sou enviado no melhor que hoje tenho.

4 comentários:

Carmelo da SS Trindade disse...

António Valério...
...para mim o silêncio interior não tem tanto a ver com o estar em sintonia com tudo diretamente...mas na comunhão profunda com Deus que me põe em sintonia com ELE...em tudo...
Um abraço cheio de Deus, sim?

Lídia disse...

Obrigado pela reflexão. Também concordo consigo, alcançar o silêncio interior só é salutar se permitir a comunhão com o meio que me envolve, porque a fé, a entrega e acolhimento à proposta de Deus, é para a vida, é o que dá ritmo e existência ao nosso ser, não é um aceitar porque sim, mas é assumir concretamente, porque se desejo viver para Deus, jamais poderei estar alienada do outro, deste, daquele, do meu irmão, do meu desconhecido...

Beijinho
Lídia

concha disse...

Quando estou na Capela do Santíssimo,frente ao Sacrário;quando luto por uma causa que julgo justa e vou até quase ao limite das minhas forças físicas;quando estou no campo rodeada de árvores ou frente ao mar revolto, sinto-me como que carregada para o que der e vier.Isso será "...entrar no ritmo da vida como o seu batimento mais profundo..."?
Um abraço na Paz

Rosa disse...

Complexo gerir esses estados de alma.
Difícil fazermos silencio.
No entanto, sabemos que só nele conseguimos uma autentica reflexão, chegamos mais de perto da sabedoria.
Estamos mais predispostos à contemplação...

Abraços e bom fim de semana.

 

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