26 março 2010

Emoções

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Sugestão de dúvida

Apesar de a questão colocada ser longa e não ter sido toda escrita, não deixa de conter alguns tópicos muito interessantes que espero tocar da forma desejada. A relação das nossas emoções com as nossas recordações.

A emoção é um dos campos mais complexos da nossa vida. Têm relação com os sentimentos, que são algo que não controlamos, simplesmente as coisas tocam-nos de determinada forma e fazem eco em nós sem que possamos evitar. Sentimos atracção por algo que não nos faz bem, sentimos gosto em pequenas coisas que nos acontecem, vibramos com os mesmos sentimentos de um amigo. As emoções entram na nossa vida como uma consequência do facto de estarmos constantemente em relação com os outros e com o mundo.

Muitas vezes podemos correr o risco de pensar que não devíamos sentir determinada coisa, quando não é aí que está o problema. Uma emoção é sempre um despertar de algo que nos toca e nos sensibiliza. Porque nos faz desejar algo, nos faz completar algum aspecto de que sentimos falta. É, por isso, um convite a olharmos a nossa vida e percebermos o porquê de sermos tocados afectivamente por algo. Aquilo que nos toca é o que poderá significar o que realmente é importante. O trabalho que podemos fazer na análise dos nossos sentimentos é reflectir sobre o bem que estes trazem à nossa vida. Se nos orientam num caminho que achamos ser correcto, ou se nos estão a afastar dele.

Tenho a certeza que somos fruto de uma memória afectiva que nos vai formando como pessoas. Somos muito fruto dos sentimentos dos outros em relação a nós e também daquilo que sentimos em relação aos outros. Porque é raro que um sentimento fique fechado sem nenhuma reacção da nossa parte. Precisamos de comunicar o que nos vai na alma e manifestar com gestos concretos o que sentimos. 

Podemos lembrar-nos de muitas emoções, mas recordar-nos de poucas. As emoções têm muito de passageiro, são pontuais e vamo-nos lembrando de muitas coisas. As emoções que recordamos são aquelas que trazemos ao coração, que fazem parte de nós. A raiz de re-cordar (re-cordis) é precisamente fazer voltar a fazer passar pelo coração. Sentimos falta de memórias que nos façam reviver momentos importantes. Se "recordar é viver", talvez fosse melhor dizer que "recordar é voltar a viver", sobretudo se tornamos presentes os pontos que nos fazem crescer, escrevemos a nossa história a partir de certezas que nos fizeram e continuam a fazer como pessoas.



23 março 2010

Cuidar

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Encontrei este vídeo, que mesmo sendo um pouco longo, é lindíssimo!
Fez-me pensar naquilo que podemos fazer por quem gostamos, cuidar pequenos detalhes de um mundo feito de forma bonita. Amor é criativo...

20 março 2010

A paz de Cristo

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Sugestão de anónimo

Como discernir a paz de Cristo? Este tema necessariamente será dirigido a quem já tem uma vida de fé e oração e pretende encontrar modos e critérios para descobrir esta paz que vem do encontro com Jesus.

Especialmente na oração, não há receitas infalíveis. Tal como, com os nossos amigos, temos um modo específico e particular de nos relacionarmos com cada pessoa, do mesmo modo, o encontro com Deus na oração é extremamente pessoal. Cada um terá de encontrar o seu próprio modo de rezar, de acordo com a sua sensibilidade, carácter, estilo de vida e circunstâncias. Há pessoas que rezam a partir dos acontecimentos da vida, ou a partir das leituras do dia, outras que preferem silêncio sem grandes palavras, outras que pedem luz para algumas decisões que têm que tomar.

Em todas estas circunstâncias, há algo comum que é importante ter em conta. O primeiro aspecto é que a oração consiste num encontro com Alguém que quer estar connosco numa relação de transparência, verdade, intimidade e amor. Não estamos diante de um juiz ou de um mago, mas de alguém que acolhe e ajuda a transformar, orienta tudo aquilo que temos de bom para um horizonte maior. O segundo aspecto é que a boa oração é uma graça que não depende só de nós. O desejo e o tempo que temos à disposição para a oração é essencial, mas os resultados da oração partem de Deus. E Deus tem os seus tempos e modos de se comunicar, que muitas vezes estão além das nossas expectativas. Esperar que a oração nos traga aquilo que queremos corre o risco de transformar o encontro numa espécie de mercado e retribuição, o que tira a gratuidade e a surpresa. A oração, por isso, é um encontro de disponibilidade para aquilo que for, um exercício completo de liberdade.

Um dos frutos da oração é a paz. E como fruto que é, devemos pedi-la constantemente. Não como um direito que temos, mas como disposição total de abertura a recebê-la. Receber a paz de Cristo não é criar um espaço de tranquilidade psicológica, que nos poderia fazer ficar numa ilha desligada da vida, mas receber a paz como dom que transforma o nosso ser e o nosso agir.

Vejo muitas vezes a necessidade que as pessoas têm de um espaço de paz e existem imensos locais que a propõem, do tipo da meditação transcendental baseada em métodos orientais. E isto é bom. Porém, também tenho visto que estas experiências correm o risco de criar o efeito de uma ilha de tempo e espaço desligada do resto. É um processo psicológico mais que um encontro. E quando se sai desta ilha, evita-se a todo o custo confrontar-se com as "más energias" dos outros, quando o óbvio seria que a paz que se tem fosse motor para afrontar tudo e todos num desejo de curar feridas e estabelecer relações de verdade.

A paz que vem de Jesus pode ser encontrada também num tipo de meditação com métodos orientais. É também o meu preferido, mas importa perceber antes que não é uma paz conseguida, mas uma paz recebida.  Quais são então os critérios que nos permitem discernir a paz que vem de Cristo?

É uma paz que cura as nossas feridas, porque é voz de perdão e acolhimento total da nossa pessoa. Quem se sente amado sem condições sai transformado, deixa para trás os bloqueios e acredita na própria vida como caminho concreto de bem. Quem tem esta paz não se isola do mundo, mas quer fazer aos outros a mesma experiência de perdão. Não condena facilmente, mas ajuda com verdade. A paz faz-nos estar centrados que as coisas que nos acontecem, por piores que sejam, não nos distraem do essencial, aprendemos a relativizar tudo e colocar cada coisa num projecto de crescimento.

É uma distância que aproxima e faz agir. Perante cada coisa, pergunto-me: e agora? Que possibilidade de amar me é dada? São as pessoas de paz que não desesperam, mas têm a força de encontrar soluções. Isto é um dom enorme, e o centro da qualidade da nossa Vida.

19 março 2010

As certezas

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Vivemos constantemente entre passagens, faz parte do caminho de cada dia e do caminho da vida. Passamos de um lugar a outro, de uma relação a outra. Sobretudo alternamos emoções e pensamentos, um mundo complexo que se desenha velozmente come se não fôssemos donos dos traços que fazemos numa folha em branco.

Existem momentos em que temos a possibilidade de ir além do que está diante de nós. Um desses momentos é o final do dia, a irresistível cor do fim da tarde. Esta é uma passagem do dia para a noite, o adormecer tranquilo das nossas actividades interiores. As cores do fim do dia escondem segredos e abraços profundos, que constituem as nossas histórias apaixonadas e as palavras que expressam o que nos vai na alma.

Expressar qualquer coisa de amor nas nossas vidas é uma aventura que nos leva para espaços desconhecidos. Dizer que se ama compromete-nos, porque a palavra é a resolução de uma história, um ponto de consciência que significa uma mudança total da nossa vida. Esta é uma certeza, sentir e fazer sentir amor é a criação de um espaço onde estamos radicalmente, onde nunca mais poderemos deixar de estar.

14 março 2010

Agradecer

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É mesmo muito bom quando nos damos conta e experimentamos as coisas que já sabemos. Não há limites de tempo e espaço para as verdadeiras amizades, fazem parte de nós como o nosso respiro. Estes dias estive aqui com algumas visitas e foi o tempo de viver a sério a profundidade dos laços que criamos.

Todos temos imensa sorte com as pessoas bonitas que conhecemos, com as histórias que fazemos entre partilha, perdão, ajuda e consolação. É mesmo importante cuidarmos das pessoas que nos cuidam. Num estilo de vida como a que tenho, não é possível manter contacto frequente, mudo muitas vezes de sítio, outras vidas... agora é mesmo importante cair na conta que não vivemos de forma indiferente às vidas que tocámos e nos tocaram. É um dom e uma responsabilidade.

Ter amigos é o maior dom que podemos ter. Nisso percebo-me verdadeiramente abençoado. Fica o desafio de esta semana cuidarmos aqueles que são importantes para nós, abraçar tantos dons... a amizade é também livre, mas precisa de atenção. ;)


PS: Com estas visitas e o trabalho mais intenso para a tese, estou mais irregular na escrita. Estes tempos, vou escrevendo quando posso, mas está a correr bem. Boa semana! ;)


07 março 2010

Não desistir

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Certamente ouvimos já tantas vezes alguém que nos tenha dito: "Não desistas". Nós próprios já o dissemos a alguém e também a nós mesmos. O que está por detrás do não querer desistir?

Em primeiro lugar, isto só acontece quando nos confrontamos com um cansaço ou com uma dificuldade que põe em causa o nosso esforço. Parece óbvio dizer isto, mas estou convencido que muitas vezes desistimos sem perceber porquê, o que fizemos para ficar cansados, ou sem reflectir se a dificuldade é de tal ordem que seja suficiente para nos fazer parar.

Em segundo lugar, desistir esconde uma falta de energia e vontade. Não encontramos em nós a luz suficiente para manter um compromisso assumido e desmotivamo-nos com  a falta de frutos do que fazemos ou respostas ao nosso empenho. De todos os modos, parece-me que olhamos mais para fora de nós e para os efeitos da nossa acção do que propriamente para o que acontece dentro de nós.

Quando assumimos um compromisso, devemos ter consciência que aquilo que prometemos a nós mesmos ou a alguém nasce espontaneamente de um desejo de fazer algum bem, algo que nos faz sair de nós e traduz de uma forma concreta a nossa bondade. Quando desistimos, deixamos de ser nós nalguma parte do mundo das nossas relações, criamos espaços vazios e alguém fica a perder.

Finalmente, uma coisa é desistir, e outra é deixar um compromisso para dar lugar a um empenho mais completo. Desistir fecha uma estrada, escolher um outro caminho abre outros horizontes.

02 março 2010

Suavidade

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Não vale muito a pena tentar mudar coisas de forma violenta. Certamente, há aspectos na nossa vida que exigem algum corte ou mudança repentina, mas acredito que isto se aplica a uma parte bem pequena dos nossos momentos.

De facto, a nossa vida tem uma continuidade de sensações e impressões às quais devemos ir estando atentos e percebendo até que ponto todas as coisas nos ajudam a construir na autenticidade e na verdade. Isto faz-se com pequenos passos e certezas cada vez maiores.

A vida parece muitas vezes repentina e violenta, mas o passar do tempo é muito mais suave do que supomos. Ter consciência da suavidade do toque de cada acontecimento dá outro respiro àquilo que estamos a fazer, alimenta as nossas expectativas numa outra direcção. Faz-nos mais atentos, mais centrados, com maior respeito por mim e pelos outros, e maior liberdade. 

01 março 2010

2 anos!

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O essejota.net celebra este mês de Março 2 anos de vida! 


Este site é uma iniciativa da Pastoral Juvenil da Companhia de Jesus, levada pelos jovens jesuítas portugueses, juntamente com um bom número de amigos que colaboram. 

Neste mês, começa uma nova fase do site, que agora passa a ser quinzenal. Assim, cada 15 dias, terás oportunidade de ler, ouvir, reflectir, conhecer novos conteúdos que ajudem a entrar mais nesta proposta de um olhar actual e cristão sobre a vida, o mundo e a fé. Visita e bem vind@! ;)

 

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