29 janeiro 2008

Enquanto espero o sol



Gosto de ver as árvores despidas no Inverno... não sei porquê, sinto que são imagem de qualquer coisa de solitário que sempre me acompanha, e com a qual não é possível deixar de viver.

Porque se a coisa de que mais temos medo é de ficar sós, também é verdade que não há experiência mais completa que aquela de viver uma solidão preenchida. E há tantos modos de fugir a nós mesmos, enchendo agendas de compromissos mais ou menos úteis, ou procurando relações que acabam por nos dispersar.

Um coração que sabe habitar a sua solidão como espaço de encontro feliz, não se perturba se tiver dias em que não acontece nada de espacial... porque saboreia uma amizade contínua. E depois, o que acontece no mundo das amizades parte de algo feliz, porque os amigos não servem para preencher os espaços que me pertencem. Pelo contrário, são as paisagens que me acompanham e me enchem de beleza, enquanto estou ao sol...

2 comentários:

Maria Papoila disse...

"são as paisagens que me acompanham e me enchem de beleza, enquanto estou ao sol..."

É isto que sinto quando me dou ao prazer de sentir o prazer de existir e sentir o que está a minha volta!

Não só enquanto espero o Sol, mas porque a Lua por vezes não se vê, mas também lá está...

1 abraço de Luz

Anónimo disse...

"Um coração que sabe habitar a sua solidão como espaço de encontro feliz... as paisagens... que me enchem de beleza". E há um sentir a paisagem (ou apenas um seu fragmento) que move, preenche qualquer coisa cá dentro... alheado do turbilhão da corrente quotidiana... os olhos cheios de uma beleza indescritível.

 

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