31 outubro 2007

Simpatia

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As lições de catequese fazem-me sempre bem. Hoje fui, como todas as quartas-feiras, dar catequese a um grupo de meninos e meninas que se preparam para a primeira comunhão, na escola dos jesuítas aqui de Roma.

Uma das coisas que mais me fascina é a capacidade de eles exprimirem o que sentem com toda a simplicidade. Normalmente fazemos teorias para que o nosso discurso sobre nós próprios seja perceptível, mas é fácil colocarmo-nos acima de uma sintonia de coração que é mais básica.

Entre o cuidado de nos expormos e o bem que fazemos em falar daquilo que somos, tendemos por vezes a esconder tesouros simpáticos. Fazer a experiência de ser mais autêntico em dizer e fazer o que somos, é um dom enorme.

30 outubro 2007

Sinais

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Aquilo que conhecemos bem faz parte de nós e serve para classificar o que acontece à nossa volta. São as nossas seguranças e, ao mesmo tempo, as nossas propostas de Vida para os outros.

Sempre me questionei muito com uma pergunta que me fizeram um dia: "Mas como é que Deus te fala?" De facto, não é fácil explicar. Fala através de sinais.

E estes sinais são coisas estranhas à minha classificação e às vezes bastante surpreendentes. É uma outra proposta de Vida, que me ultrapassa mais do que sou capaz de perceber. E as minhas seguranças jogam-se em algo novo e na abertura a outras possibilidades. Que não me fazem deixar de ser eu mesmo, mas fico, sem dúvida, transformado em muitos aspectos.

Mais santo, talvez, ou pelo menos com maior vontade de o ser...

29 outubro 2007

Mundos outros

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Existe uma espécie de fascínio por paisagens que não encontramos muitas vezes. Em viagens que amigos meus fazem a lugares exóticos, de África, Àsia, falam sempre de uma característica que os toca muito, sem excepção.

São as ruas cheias de cores, cheiros e sabores. As nossas não são assim... Mesmo as cores e os cheiros bonitos estão organizados em jardins ou ruas preparadas para o efeito, em ocasiões especiais. Por aqui, as cidades são muito racionais... há um modo de medir as coisas e classificá-las no sítio certo.

Uma explosão de cor desorganizada, faz-nos cair na conta de como nos falta deixar falar os sentidos e viver com eles de forma harmoniosa. Contactamos mais radicalmente com uma Beleza fora de nós, que ainda não nos habituamos completamente a fazer nossa.

28 outubro 2007

Acho graça...

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No Domingo, fecham algumas ruas do centro da cidade para que as pessoas possam passear por lá, ou andar de bicicleta, há jogos para crianças e muitos espectáculos de rua. E parei num sítio onde estava muita gente. Eram duas raparigas, presas uma à outra por uma fita, e faziam uma espécie de dança com acrobacia. Era uma música alegre e as expressões delas eram muito engraçadas.

Ao meu lado estava um pai com a filha ao lado... e ele só se ria! A um certo momento, a filha pergunta: - Mas do que é que estás a rir? E ele diz: ah, não sei... acho-lhes graça!

Quem seria ali mais criança? É bom encontrar pela rua os motivos que desconstruam a nossa seriedade habitual e nos façam mais descontraídos. Há momentos que podem ser tesouros preciosos em atitudes que levamos para a rua, quando os carros voltam a andar por lá.

27 outubro 2007

Disposições

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O que quero de mim? Aquilo que nasce de uma força maior, que tantas vezes não é clara. Fujo de mim em tantos gestos e pensamentos... Porque o que está a minha volta é tão chamativo... e procuro não me perder, mantendo sempre uma ideia de fundo: que há muito mais para além do que percebo.

A imaginação pode ser um lugar mais real do que supomos. O que nos move não são tanto as experiências passadas, mas as linhas que estas desenharam no nosso caminho. E o resultado é uma imagem, que tenta ser um sonho possível.

A grande descoberta da realização pessoal é a capacidade de viver entre o desejo e uma imagem de felicidade. E o desejo faz-se gesto, e a imagem faz-se uma casa onde me dou conta que já cheguei, mesmo que não pareça.

26 outubro 2007

Palavras certas

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Hoje numa aula, foi dito algo que me fez pensar... que os autores do Antigo Testamento tinham muita dificuldade em pôr determinadas palavras referindo-se a Deus. Por exemplo, em vez de amaldiçoar Deus, usam a ironia e dizem: "verás se bendizes a Deus".

Há realidades da nossa Vida que tratamos com tanto cuidado, que há palavras e sentimentos que não pomos junto delas. De alguma maneira, fazem sombra à grandeza de algo essencial. Nos momentos de dúvida, sempre há uma resistência que nos impede de deitar tudo ao chão e não acreditar nas promessas que um dia nos fizeram sonhar.

Será este o espaço que Deus tem para manter a esperança... uma espécie de ladrilhos coloridos que são referências sempre presentes, mesmo que não se tenha forças para os voltar a pisar... mas estão lá...

25 outubro 2007

...

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Fica o desafio: Olhar hoje as cores e maravilhar-me com o movimento da Vida.


Story of a Princess - Foto e título de Rui Soares

24 outubro 2007

Estar totalmente

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Na continuação das últimas descobertas que tenho feito, há um aspecto que me continua a interpelar e a desejar fazer algumas mudanças no modo de estar perante o que acontece.

A felicidade que me envolve, bem como as dificuldades e os limites, não esgotam tudo aquilo que sou. Por um lado, somos chamados a este desafio de estar de alma e coração naquilo a que nos comprometemos e nas coisas que fazem parte do nosso dia-a-dia.

Mas isso não é o mesmo que dizer que eu estou todo naquilo que acontece. Senão, correria o risco de absolutizar o presente e perder o horizonte de uma caminho feito e de muitas etapas ainda por percorrer. Para as coisas boas e coisas más, ajuda perceber que eu não estou todo ali... que venho de longe e vou para algo sempre maior.

23 outubro 2007

Se for dono de mim...

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Há dias em que ouvimos frases que mexem bem cá dentro e parece que se abrem novos mundos... e vejo-me ainda às voltas com uma ideia que tenho a intuição que pode significar muito do modo como agora vivo.

Numa aula, sai no final de uma discussão: "Tu tens uma vida, não és a tua própria Vida".

E que sei eu dos infinitos acontecimentos que surgem na minha vida e dos quais não tenho consciência? E qual é a verdadeira dimensão dos meus problemas? E a profundidade das minhas alegrias?

Há uma história desenhada para mim, da qual tenho poucos momentos de consciência... vou tentando, e errando muitas vezes... e encontrando espaços de certeza, como árvores novas e imensas num jardim percorrido muitas vezes. Há uma nova dimensão que me chama a olhar para o desconhecido e encontrar-me numa pequenez cada vez mais forte.

22 outubro 2007

Memória e Esperança

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Há uma leitura possível dos acontecimentos da Vida que acredito que me dá um horizonte enorme e um espaço para poder ir percebendo alguns mistérios escondidos e estar preparado para os acontecimentos que vierem.

Tem sido importante reconhecer nos momentos fortes do passado uma linha que os vai unindo. Como se passasse por casas diferentes, mas todas são iluminadas pela mesma luz. Vejo a partir de cima um abraço que me trouxe até aqui. E não tenho motivos para duvidar que continuarei a ser abraçado com a mesma força.

Porque este abraço é sempre o mesmo, e que se dá continuamente... às vezes estou longe de mim mesmo e não o percebo... e é tão bom viver estas memórias e confiar nas promessas. Vivido como quem não vê, mas apenas sabe com o coração.

21 outubro 2007

Continuidade

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Estes dias tenho sido bastante confrontado com compromissos assumidos e que exigem de mim tempo e atenção. Não tem sido fácil dar a importância devida a tantas coisas importantes ao mesmo tempo. Sei que nem sempre se anda tão cheio de coisas e que, mais tarde ou mais cedo, se chega a uma rotina, com o que essa também tem de saudável.

O desafio principal tem sido a continuidade de fundo. De não deixar perder algo que é fonte e fundamento do que se faz. Os nexos vão-se encontrando, mas há um espaço onde o coração precisa de estar e saber que todas as coisas nascem e crescem de uma Vontade que acerta sempre com o mais essencial.

Neste caminho é muito importante a oração e o espaço que se dá a Deus para que faça saborear as raízes e olhar os ramos e os frutos.

20 outubro 2007

Maravilhas

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Há dias em que vale mesmo a pena recordar e experimentar a maravilha que é estarmos vivos. Em dias de céu azul e vento frio, como o de hoje, os meus favoritos... em que a única preocupação deve ser uma fidelidade gigantesca a um projecto que me abraça e me faz sentir pequeno em todos os gestos que me levam mais longe.

São momentos de partilha em pôr-do-sol, quando o silêncio do Universo nos embala e nos faz acreditar que viver para nós próprios é entregar-se com alegria. É tão importante pensar acima dos acontecimentos e dar conta da sorte que temos em querer viver em caminhos certos.

19 outubro 2007

Dias entregues

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As tentativas de chegar a plenitudes presentes. Viver o que cada dia nos dá parte de um movimento de agradecer imensas possibilidades.

Cada dia nos reserva uma surpresa, algo muito mais além do que está programado. E surgem conversas, episódios de Vida concreta que fazem soar qualquer corda cá dentro. E vamos construindo um dia a partir de sentimentos, muito mais do que ideias... os sentimentos falam-nos de como as coisas nos tocam. Por isso, é importante senti-los e deixá-los falar espontaneamente. As ideias e classificações vêm depois.

O maior risco é definir como qualquer coisa já conhecida um sentimento acontecido. Mesmo que as circunstâncias sejam as mesmas, o nosso coração cada dia está diferente nalguns aspectos. E aí, somos capazes de entregar o dia com os seus sentimentos e a Vida se faz mais presente no coração.

18 outubro 2007

Conhecer

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Há momentos na Vida em que somos confrontados com a necessidade de entrar mais a fundo dentro de nós, para encontrar o terreno de que somos feitos, e quais os frutos que estamos dispostos a dar.

Há uma frase que me acompanha ao longo da Vida e que descubro sempre novos significados, consoante as circunstâncias: "Só se ama aquilo que se conhece". Isto refere-se a Deus, às pessoas importantes para mim e, finalmente, a mim próprio.

Conhecer-me bem a mim mesmo é um exercício de ir cada vez mais fundo com a vontade de me maravilhar. E a coragem de encontrar o que quer que seja. Um estado consciente da própria vida faz nascer muitas perguntas e lança-me em novos caminhos.

O maior inimigo é uma espécie de comodismo que me faz ficar aparentemente satisfeito com o que existe. Mas, por vezes, o clamor é mais forte e o desejo deve comandar a vontade, para chegar a um mundo interior mais livre e mais aberto.

16 outubro 2007

Sabe bem

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Acordar de manhã e fazer passar diante dos olhos os projectos do dia. Tentando afastar a preguiça daquilo que já encontrei ontem e antes de ontem... Há uma luz nova, lá fora faz mais frio, tive que procurar o casaco que estava guardado desde o Verão.

E faço passos para encontrar coisas novas... há sempre um sorriso que me surpreende, ou um gesto que me interroga. À minha volta a Vida desenvolve-se com velocidade, no meio do ruído do trânsito. Na esquina, um saxofone, e ali vendem-se calças com desconto.

Continuo... sabe bem parar e sentar no muro daquela praça. Por um instante fecho os olhos e vejo os sons. Lá longe ouvem-se as gaivotas. Voam para o mar. Talvez hoje vá com elas... ou amanhã... Noutra ocasião... hoje sabe bem agarrar os sentidos, fazer o dom presente. Recebi uma carta escrita pelo vento, enviei-a para o outro lado do mar...

15 outubro 2007

Pertença

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Hoje, uma conversa ao almoço fez-me pensar numa coisa... sentidos de pertença. Se fizéssemos uma lista das coisas a que pertencemos, seria muito mais longa do que imaginamos. Pertenço a uma Igreja, a uma escola, a uma família, a um grupo de amigos, a um trabalho ou a uma empresa, a um partido político, a uma associação...

E todas as nossas pertenças exigem de nós tempo e espaços cá dentro. Para fazer a minha parte e identificar-me com compromissos mais ou menos assumidos. E é fácil gastar tempo nas minhas pertenças, estar bem onde tenho que estar.

E não penso tantas vezes numa pertença mais essencial... pertenço-me a mim mesmo. E deixo para trás regras, ritos e atenções. Movo-me muito pelas coisas de fora, pedidos e opiniões. Há um espaço nosso que precisamos cuidar, sem nos fecharmos. Mas precisamos de um compromisso fiel a nós próprios... Ser mais feliz mais vezes...

13 outubro 2007

Flores amarelas

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Para ti...

Enquanto escreves por linhas correntes e te vais deixando levar pelo que acontece. Toma nas tuas mãos a simplicidade gigante da criação. Um desejo de fundo do mar. Totalidade, grandeza, plenitude... em momentos de fugaz fragilidade.

E percebe o quanto o Amor transforma o que sentes. Muda o que tocas, ouve um sinal de que tudo é diferente ao olhar. Uma espécie de gratuidade existencial, uma forma agradecida de se dar sempre e a todos. Em dias de céu azul ou nuvens cinzentas.

Uma planície semeada de alegria leva-te aos teus lugares interiores. Uma casa nunca deixada para trás, onde chegas, te sentas, e dormes abraçado... em luz de fim de dia.


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12 outubro 2007

Saber rir

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A alegria é algo que sempre esperamos. Porque temos sempre a sensação que nunca é algo completo. Tenho-me dado conta que grande parte dos momentos do nosso dia são alegres. Ou pelo menos devem fazer-nos agradecidos, porque há um desígnio escondido que, de alguma maneira, nos fará crescer.

Ser grandes e bons de coração é uma meta que é importante perseguir. E a melhor maneira de a alcançar é dar passos concretos. Com aquilo que nos acontece em cada dia, não com oportunidades sonhadas ou dias muito bem programados.

Há um fundo de alegria nos mistérios de cada dia... mesmo que às vezes pareça distante. É bom fazer um exercício de se rir com o que nos acontece. Sobretudo rirmo-nos de nós próprios, naquelas coisas em que somos pequeninos. Se levasse isso a sério, às vezes passaria o dia a rir =)

11 outubro 2007

A Humildade

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A Humildade é das coisas que mais admiro nas outras pessoas. E tenho sempre a impressão que é algo do qual estou longe.

Fazer um caminho em direcção à humildade traz consigo uma espécie de resistência. É um dos dilemas do nosso crescimento interior. Sabemos que nos faz bem e que até gostaríamos de ser mais humildes. De facto, certamente nos traria menos preocupações, porque acabamos por não nos importar tanto com coisas pequeninas. Mas, por outro lado, há algo no fundo de nós que sabe bem que isso implica romper algumas coisas cá dentro.

O nosso orgulho e o nosso amor-próprio prendem-nos tanto tantas vezes. E aquilo que nos dá acabam por ser uma espécie de tesouros de papel, que se estragam com a chuva.

Ser humilde é ser forte, e essa é uma das descobertas que devemos tentar fazer.

09 outubro 2007

Estar e desejar

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Falando hoje com um jesuíta sobre o meu percurso da teologia, a nível pessoal e dos estudos, fui surpreendido a meio com uma pergunta:

- Onde é que estás?

E dei por mim a responder com um desejo, de como gostaria que a teologia para mim fosse algo novo e pessoal, capaz de descer ao concreto e trazer respostas simples, mas profundas. Não sei se teria dado a melhor resposta. Pelo menos foi a mais autêntica.

É que, há alturas na vida em que o nosso estar corresponde a um desejar. Vive-se num movimento em direcção a um futuro e à realização do melhor de nós mesmos. Às vezes é preciso passar por uma fase de não estar contente com as coisas boas que já estão adquiridas. Há uma altura em que já se começam a gastar e o seu brilho originário começa a ficar opaco, com o uso e abuso que fazemos delas.

Estas fases têm tanto de sonho como de desafio. Puxam por nós. E isso é uma experiência de querer crescer, ser sempre maior.

08 outubro 2007

Coisas do dia a dia

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Comecei hoje as aulas e foi bom sentir a alegria de um regresso no ambiente da turma. O professor na primeira hora da manhã pergunta de onde vêm os alunos. Estão representados os cinco continentes, com uma diversidade cultural e geográfica muito grande.

É uma turma especial, quase todos religiosos, seminaristas... mas sente-se algo bonito, que se pode ler quando se vêem tantas histórias tão dispersas que, num momento, se juntam no mesmo lugar. E, de alguma forma, todos participamos na história de cada um.

É saber ver e saber ler muito para além do que está presente diante de nós. O que, depois, chama a uma maior profundidade, a parar e a agradecer. Com a maior simplicidade, própria de quem se sabe conduzido e que quer dar respostas com sentido àquilo que acontece.

07 outubro 2007

Visto por dentro

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Ainda me estou a divertir a olhar para duas fotografias em tamanho A4 que puseram ontem à porta do meu quarto. =)

São fotografias feitas a partir de um raio-x que fiz o ano passado, que um companheiro meu aqui de casa me pediu para revelar. Um outro retrato.

E olhando para elas, penso que poderiam ser as de uma pessoa qualquer. Há tantas coisas que são comuns em nós, a nossa parte mais biológica. Ver o corpo é, ao mesmo tempo, sentir a naturalidade da Vida. E como isso é tão importante para o que vivemos na cabeça e no coração.

É preciso cuidar de nós... o modo como tratamos o corpo fala muito de como levamos sonhos e emoções nos nossos gestos. Não devemos arriscar-nos a viver só espiritualmente, o mundo também depende da forma como pisamos a Terra.

06 outubro 2007

Histórias descomplicadas

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É inevitável que cada dia nos traga o seu peso e os seus problemas. Às vezes, tenho mesmo a sensação que há alturas na vida em que sucede tudo ao mesmo tempo. E é difícil gerir, pensamos que é injusto o que acontece, sobretudo quando estamos motivados pela Beleza e pela vontade de acertar.

Se há tempestades, há provações nas nossas raízes mais profundas. Tenho descoberto que há um fundo de nós que permanece inabalável. Talvez porque é tantas vezes inalcançável. É uma espécie de desenho original de nós próprios, uma imagem feita desde sempre.

E quando se tocam as raízes que aguentaram a chuva e o vento, descobre-se algo autêntico. Um espelho diante de uma luz que é amor. Que continua caminhos apesar dos atalhos. E vejo os acontecimentos a partir do fundo e a partir de dentro. Como se num instante fosse tudo tão óbvio.

Saborear as raízes... apenas olhar como estão e como me alimentam acaba por trazer uma enorme simplicidade, a mesma de um sorriso que se dá porque sim.

05 outubro 2007

A vasta alma

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Tenho cada vez maior consciência que a Vida não cabe dentro dos meus limites. É uma afirmação comum dizer que a Vida é maior que os problemas, e é, de facto...

Sonhar com o que vem, sobretudo quando se espera aquilo que não se sabe, mas se tem a certeza que inundará os dias com luz e sentido, acaba por ser uma sensação boa.

Sonhar ainda além do que vier, é poder entrar já num desejo eterno. Acho que é este o Mistério do sentido e daquilo que desejamos. Que é sempre maior, e sempre melhor que as nossas melhores expectativas.

Parece um optimismo ingénuo... a Vida tem-me ensinado que o sonho tem uma parte de loucura. Prefiro arriscar num sentido imenso, que completa os meus dias, mas que não me deixa ficar parado por dentro...

Porque há tanta criativa-criadora genialidade em cada dia começado....

02 outubro 2007

Walk

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Título e foto de José Silvestre

01 outubro 2007

Genuíno

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Lembrei-me hoje de um episódio que aconteceu há uns meses atrás numa missa aqui em Roma. Foi numa paróquia conhecida pelo trabalho que faz com pobres e pessoas que vivem na rua. Não só se trabalha fora das paredes da igreja, como se trazem as pessoas para lá! Por isso, é um ambiente muito particular.

De facto, vê-se pessoas vestidas com roupas velhas e sujas, cheias de sacos, às vezes sem se darem conta do que se passa à sua volta. O que é um facto, é que têm um modo muito seu de participar.

A meio da missa ouve-se o ruído de sacos de plástico. Entra um velhinho que, sem se incomodar, nem ele nem os outros, vai ter com uma senhora e tira uma sandes e oferece-lha a rir. Ela sorri também. Falam um bocadinho e, depois de ali estar sentado um bocado, vai embora.

Algo do mais genuíno que vi. Quem precisa dá a quem mais precisa... não calcula, não mede, não cobra. Apenas sorri, como quem percebe que cumpriu a sua missão.

E saí da missa a pensar que preciso de tantas coisas e que, por isso, acho que não estou capacitado para dar mais... aprendi tanto com pessoas que pensam e sabem muito menos que eu, mas que sabem viver com tanta maior gratidão...
 

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